O declínio de Bolsonaro: a queda de um ex-mito
O ex-capitão Bolsonaro teve ontem seu pior dia desde que deixou o Brasil e buscou abrigo nos Estados Unidos para não passar a faixa presidencial ao seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Será lembrado por ter fugido da responsabilidade que a democracia lhe impunha, ao contrário do que fez João Batista Figueiredo em 1985 ao ceder o cargo a José Sarney sem melindres.
Hoje, contudo, promete ser mais sombrio para Bolsonaro. A decisão unânime da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal o tornará réu por crimes graves, como tentativa de subversão da democracia, organização criminosa e golpe de estado. Nesse cenário macabro, diversos altos oficiais e membros do governo anterior também irão a julgamento.
A condenação parece inevitável e as penas poderão atingir até 30 anos, com a maior delas destinada ao próprio Bolsonaro, considerado o cabeça da operação criminosa. Curiosamente, os envolvidos não negam a tentativa golpista, mas sim sua própria participação no intento, como ressalta o advogado de Augusto Heleno.
Em meio aos diálogos revelados, Bolsonaro admitiu discutir “alternativas para a Nação” após as eleições de 2022. Mas que tipo de alternativas cabiam quando o país já havia eleito um novo presidente, com a posse marcada? As palavras do ex-mandatário denotam um desdém pela democracia e um plano obscurantista que constrange qualquer cidadão comprometido com a civilidade.
Com o juízo prestes a se abater sobre Bolsonaro e seus cúmplices, a disputa agora se foca em quem ocupará o seu lugar como candidato da direita em 2026. Eduardo Bolsonaro, desiludido, reconhece a difícil situação enfrentada pelo pai e outros envolvidos no lamentável episódio do 8 de janeiro. Até mesmo Donald Trump fez referência ao Brasil como exemplo negativo em questões eleitorais. O mundo observa, incrédulo, a derrocada de um mito que só existiu na mente dos desavisados.
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