A cada 20 segundos uma adolescente se torna mãe na América Latina

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A América Latina e o Caribe enfrentam um sério desafio com a frequência alarmante de gravidez na adolescência. A cada 20 segundos, uma adolescente dá à luz na região, o que resulta em um custo anual de US$ 15,3 bilhões em 15 países. Em média, isso representa 1% do Produto Interno Bruto (PIB) dessas nações, porém, em países como Suriname e Panamá, o valor triplica.

O recente relatório apresentado pelo Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) destaca as graves consequências sociais e econômicas da maternidade precoce. O estudo revela que essa situação prejudica significativamente o desenvolvimento psicossocial dos jovens, resultando em impactos negativos na saúde das mães e dos bebês.

Embora o Estado arque com um custo considerável decorrente da gravidez na adolescência, 88,2% desse ônus é suportado pelas próprias adolescentes, com idades entre 10 e 19 anos. Tanto os gastos com saúde relacionados à gravidez na adolescência quanto a potencial perda de receita fiscal implicam em um custo anual de 1,8 bilhão de dólares para o Estado.

A diretora regional do Unfpa ressalta que “as vidas das adolescentes são interrompidas e seus sonhos destroçados devido ao peso da maternidade precoce”. Ela destaca que, nessa fase da vida, essas jovens deveriam estar buscando conhecimento nas salas de aula e explorando o mundo, ao invés de ficarem presas em um ciclo de pobreza, desigualdade e oportunidades perdidas.

A incidência de gravidez na adolescência é um reflexo da desigualdade estrutural, perpetuando um ciclo de pobreza e limitando as oportunidades socioeconômicas para jovens mulheres e suas famílias, em comparação com aquelas que se tornam mães em idade adulta. Adolescentes mais vulneráveis, sobretudo aquelas de origem pobre, residentes em áreas rurais, com baixa escolaridade, de etnia indígena ou afrodescendentes, são as mais afetadas, sendo que as adolescentes negras têm uma probabilidade 50% maior de gravidez indesejada em relação a outros grupos.

A Covid-19 desacelerou o ritmo de redução das taxas de fecundidade na região, que detém a segunda maior taxa global de gravidez na adolescência, ficando atrás apenas da África Subsaariana. O Unfpa insta os governos a priorizarem a prevenção da gravidez na adolescência por meio de investimentos estratégicos.

O movimento de Gravidezes Zero de Adolescentes, com a colaboração de 35 entidades da região, visa ser o catalisador das ações de desenvolvimento na região, impulsionando opções de financiamento, fornecendo dados e evidências fundamentais para políticas públicas e programas eficazes. Países que implementaram medidas estratégicas conseguiram reduzir as taxas de fecundidade na adolescência em até 50% em um curto período de tempo.

Para combater esse cenário desafiador, é fundamental investir em estratégias nacionais que englobem todos os setores da sociedade, garantir acesso à informação sobre saúde sexual e reprodutiva de qualidade, proibir o matrimônio infantil e uniões precoces, promover a participação e autonomia das adolescentes, e assegurar o acesso à educação sexual abrangente. Priorizar investimentos em comunidades vulneráveis é considerado uma das ações mais impactantes, podendo resultar numa redução de 36% na taxa de fecundidade na adolescência.

O Unfpa destaca que investir 1,8 bilhão de dólares pode reduzir significativamente as taxas de gravidez na adolescência, o que proporcionaria um retorno significativo, demonstrando que para cada dólar investido na prevenção desse problema, poderia haver um retorno de até 15 a 40 dólares, dependendo do país.

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