Aos 90 anos, baluarte do samba quer preservar raízes do Carnaval de SP

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São Paulo — Desde a infância, Maria Apparecida Urbano nutria um amor especial pelo Carnaval. Cresceu nas ruas do Brás, em São Paulo, fantasiando-se com as roupas dos tios para celebrar a festividade. Em um momento pioneiro, tornou-se carnavalesca de uma escola de samba, transformando-se em uma renomada pesquisadora do tema ao longo dos anos, com a autoria de sete livros sobre o assunto.

Aos 90 anos, Maria Apparecida, carinhosamente conhecida como Dona Cida, enaltece o florescimento do Carnaval em São Paulo, descrevendo-o como um “espetáculo”. No entanto, lamenta a perda das raízes da festividade com o passar do tempo. Em suas palavras, “Hoje se você pergunta ‘como nasceu a escola?’ ninguém sabe. Por isso que eu luto em contar a história. Ela não pode se perder”.

Dona Cida rememora com carinho a época em que as fantasias e carros alegóricos do Carnaval paulistano eram improvisados, chegando a desfilar com carrinhos de supermercado enfeitados. Sua jornada no mundo do samba teve início na década de 1970, ao ser convidada para auxiliar na construção de um desfile da Imperador do Ipiranga e assumir o cargo de carnavalesca ao lado do presidente da escola.

A vasta trajetória de Dona Cida inclui passagens por diversas escolas de samba, como Barroca e Vai-Vai, onde concebeu o samba-enredo “Água de Cheiro”, premiado com o 2º lugar no Carnaval de 1985. Em suas palavras, “Fizemos um carnaval maravilhoso. Tiramos o segundo lugar, mas fomos para [a avenida] ficar em primeiro”.

Dona Cida presenciou a evolução do Carnaval paulistano, desde os desfiles improvisados até a profissionalização da celebração a partir de 1968, impulsionada pelo apoio do prefeito Brigadeiro Faria Lima. Ela destaca a equiparação do Carnaval de São Paulo com o do Rio de Janeiro, ressaltando a qualidade dos carnavalescos, sambistas e compositores paulistanos.

“O Carnaval que nós temos hoje é maravilhoso. É tão bom quanto o do Rio. Não digo que seja igual, mas é um senhor Carnaval o de São Paulo. Ele chegou onde devia, com bons carnavalescos, bons sambistas, bons compositores. Chegamos onde queríamos”

Aos 90 anos, Dona Cida continua imersa no universo do samba, ministrando treinamentos para jurados, atuando como comentarista dos desfiles e integrando a Embaixada do Samba, grupo dedicado a homenagear ícones da festa paulistana. Apesar da fragilidade da saúde, ela desfilou de cadeira de rodas no Anhembi em 2024, mas neste ano, pela primeira vez em cinco décadas, irá assistir ao espetáculo de casa, em respeito à saúde.

Ao Metrópoles, Dona Cida revelou que está escrevendo sua oitava obra sobre o Carnaval, uma autobiografia que documenta sua vida dedicada à festa, reservada exclusivamente para familiares e amigos, representando um legado precioso para as futuras gerações.

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