Fernanda Montenegro escreveu uma emocionante carta em homenagem à sua filha, Fernanda Torres, elogiando sua atuação no filme “Ainda Estou Aqui”, que concorria ao Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional. Destacando a importância do papel de Fernanda Torred na conquista da estatueta, Montenegro chamou-a de “fenômeno” e recordou o momento emocionante em que viu sua filha em cena pela primeira vez, ao lado de seu falecido marido, Fernando Torres.
A vitória de “Ainda Estou Aqui” no Oscar de Melhor Filme Internacional foi um marco, sendo o primeiro filme brasileiro a conquistar esse prêmio. Enquanto Fernanda Torres concorria ao prêmio de Melhor Atriz, foi superada por Mikey Madison, estrela do filme “Anora”. O longa retrata a história de Euníce Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado durante a ditadura militar.
“Ela, Nanda, sabe. Desde os seus 12 anos, quando Fernando e eu a assistimos no palco do Teatro Tablado, com total domínio de cena, nós, os pais atores, nos abraçamos aos prantos diante do fenômeno”, escreveu a veterana.
Fernanda Montenegro enalteceu o talento humano de sua filha, ressaltando sua vocação excepcional para se tornar uma atriz extraordinária, desde a infância, quando demonstrava independência, autenticidade e grandeza em seu ser. Ao final da carta, Montenegro celebrou o empenho de Fernanda Torres na jornada que levou “Ainda Estou Aqui” ao prestigioso reconhecimento do Oscar.
“Coube a Fernanda Torres o fenômeno de atravessar a Linha do Equador, justamente durante o nosso carnaval dionisíaco. Esse milagre se deve ao extraordinário filme de Walter Salles, Ainda Estou Aqui, que pelo seu protagonismo nessa obra de arte cinematográfica, fez dela, para sempre, um referencial transcendente de brasilidade”, concluiu a atriz.
Veja a carta na íntegra:
“Fernanda Torres é um imenso talento como ser humano, daí a dimensão dessa vocação ampla e inarredável de ser uma atriz extraordinária. A arte de ser ator, no caso, atriz, só nós, desse ofício, entendemos na pele, repito, na pele, o que é o ser humano. Ela, Nanda, sabe. Desde os seus 12 anos, quando Fernando e eu a assistimos no palco do Teatro Tablado, com total domínio de cena, nós, os pais atores, nos abraçamos aos prantos diante do fenômeno. Veio à minha memória a frase do grande ator brasileiro Procópio Ferreira, que no final da interpretação da jovem e eterna atriz Bibi Ferreira, sua filha, Procópio agradecendo o estrondoso aplauso ao final do clássico ‘Mirandonina’, de [Carlo] Goldoni, e na emoção do que estava acontecendo, lançou em voz alta: ‘Senhoras e senhores, está lançada a minha filial’. Fernanda Torres, desde a infância, sempre ordenou a sua votação de uma forma independente, real e sublime. São quase 50 anos de criatividade em diversas áreas da nossa cultura artística. Coube a Fernanda Torres o fenômeno de atravessar a Linha do Equador, justamente durante o nosso carnaval dionisíaco. Esse milagre se deve ao extraordinário filme de Walter Salles, ‘Ainda Estou Aqui’, que pelo seu protagonismo nessa obra de arte cinematográfica, fez dela, para sempre, um referencial transcendente de brasilidade”.
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