Gilberto Gil reflete sobre a morte em despedida dos palcos: “É preciso respeitar o fim”

A maneira como Gilberto Gil encara o tema da morte tem sido motivo de admiração entre seus fãs. Em uma recente entrevista ao jornal ‘O Globo’, pouco antes do início da turnê “Tempo Rei” em Salvador, o renomado artista voltou a abordar o assunto, destacando a despedida dos palcos como um momento para compreender os ciclos naturais da vida.

Questionado se estava emocionado com o show especial, o artista foi sincero: “Tento evitar um excesso de emoção que possa afetar minha performance. Mas há, sim, um senso de emoção. Está relacionado com a aceitação da finitude como parte integrante da vida. A morte é um elemento natural desse processo. De certa forma, é fundamental respeitar o fim. Respeitar o término das coisas”.

Quando abordado de forma mais direta sobre a morte, Gil compartilhou sua experiência de perdas, incluindo a de um filho ainda jovem e amigos durante a era inicial da AIDS, quando a doença ainda era um mistério. Essas vivências o fizeram encarar a morte de uma maneira peculiar, embora ele ainda confesse sentir medo da morte.

“Morrer ainda é um ato físico, presente, ligado à vida, ao sol, ao ar. Morrer continua sendo uma experiência essencialmente humana. Já o que está além, após esse último suspiro, é algo que escapa ao nosso controle. Será como Deus determinar. Como dizem os versos finais da Ave Maria: ‘Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu’. No Pai Nosso, na Ave Maria, ‘Rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte’.”

No decorrer da entrevista, Gil também mencionou a saúde de sua filha Preta Gil, a quem dedicou o show de abertura da turnê “Tempo Rei” em Salvador, e compartilhou reflexões sobre seu atual momento de despedida dos palcos.

“O percurso dela desde o diagnóstico de câncer, os tratamentos e desafios enfrentados, revelam uma profunda dedicação à própria saúde e apreço pela vida. Ela escolheu compartilhar sua jornada com o público, dividindo as nuances de sua condição de saúde e recebendo seu apoio. São inúmeras as manifestações de solidariedade e desejos de recuperação. Ela se encontra nesse espaço de desafio pessoal, inserida na vida coletiva do povo brasileiro.”