Incels brasileiros propõem e incentivam atos extremos de violência de gênero e massacres em fóruns da dark web. Originados de um sentimento de rejeição, esses homens culpam as mulheres por suas frustrações e encontram nestes espaços virtuais um ambiente propício para disseminar ódio e criminosas ideias.
Com a recente popularização da minissérie “Adolescência” da Netflix, que aborda casos reais envolvendo incels e misoginia, a discussão em torno do culto à violência e ao desrespeito às mulheres se intensificou. A série, ao relatar a história de um jovem que comete um homicídio brutal contra uma colega escolar, encorajou escolas a recomendarem aos pais a assistirem o programa, visando a conscientização acerca da prevenção desse tipo de comportamento em casa.
Os incels brasileiros se reúnem em fóruns anônimos na dark web, conhecidos como “chans”, que variam em níveis de misoginia, disseminando conteúdo que vai desde o discurso de ódio e racismo até a incitação à violência. Mesmo diante da clara ilegalidade desse conteúdo, tais grupos permanecem ativos, a poucos cliques de distância de adolescentes e jovens.
Um desses fóruns chamou atenção da polícia em 2019 após revelações de que os responsáveis pelo massacre em Suzano, com mais de dez vítimas fatais, faziam parte de seus frequentadores anônimos. Mesmo após esse incidente, o fórum continua operante e segue promovendo ideais perigosos. Frases como “minha escola está cheia de putas, gays e traficantes. Quem sabe se ano que vem eu realize meu Actum Sanctum” são comuns entre os usuários, insultando e incitando à violência contra colegas e mulheres.
Além da misoginia e violência, esses fóruns abordam temas perversos, como racismo e pedofilia, apresentando até mesmo imagens impróprias de menores de idade. O discurso de ódio direcionado às mulheres é intensificado, desumanizando e degradando-as com termos como “putas mentirosas”.
A cultura dos incels se baseia em conceitos misóginos como a “regra 80/20”, que alega que 80% das mulheres se interessam por apenas 20% dos homens, criando um sentimento de exclusão e vitimização entre os membros. Eles categorizam-se como “anões”, enquanto os homens desejados são chamados de “Chads” e as mulheres atraentes de “Stacys”. Toda essa mentalidade é permeada por ideias distorcidas, como a glorificação de ações criminosas, representadas pelo termo “Sancto/sanctum”.
A disseminação desses discursos perigosos e doentios é um alerta para a sociedade, evidenciando a necessidade urgente de combater essas ideias extremistas e promover valores de igualdade, respeito e empatia em todas as esferas da sociedade.
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