O governo italiano implementou novas regras nesta sexta-feira (28/03) para a obtenção da cidadania italiana por descendentes de italianos nascidos no exterior. Essa medida afetará diretamente descendentes no Brasil e Argentina.
O objetivo principal é frear a “comercialização” do passaporte italiano e o aumento das solicitações, especialmente da América do Sul, onde milhões de italianos emigraram nos séculos 19 e 20.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, afirmou que a nacionalidade não deve ser usada como meio para viagens luxuosas com um passaporte europeu.
Anteriormente, qualquer pessoa que comprovasse ter um ancestral italiano vivo após 17 de março de 1861 poderia solicitar a cidadania italiana, sem limite de gerações. Contudo, o novo decreto estabelece que os descendentes de italianos nascidos no exterior terão automaticamente direito à cidadania por apenas duas gerações, desde que um dos pais ou avós tenha nascido na Itália.
Outra proposta de lei do governo exigirá que italianos no exterior mantenham vínculos com a Itália, visitando o país ao menos uma vez a cada 25 anos. Além disso, a solicitação de cidadania italiana deverá ser feita diretamente ao Ministério das Relações Exteriores em Roma, e não mais nos consulados locais.
Essas mudanças visam aliviar a carga nos consulados e prefeituras italianas, que atualmente têm que lidar com milhares de solicitações a cada ano, com pelo menos 60 mil pedidos em análise no momento.
O governo italiano enfatiza que essas medidas combatem a exploração comercial da cidadania e o aumento excessivo de pedidos, protegendo aqueles que realmente desejam se tornar cidadãos italianos.
As críticas ao sistema atual de cidadania por descendência surgem principalmente de setores conservadores, argumentando que o sistema é injusto ao conceder benefícios a pessoas com poucos laços reais com a Itália, enquanto filhos de imigrantes nascidos e criados no país têm que esperar até os 18 anos para solicitar a cidadania.
Essas mudanças seguem as políticas anunciadas pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que lidera um partido ultradireitista anti-imigração, demonstrando posturas mais rígidas em relação à imigração e refúgio.
A Itália utilizará instalações perto da costa da Albânia como centros de deportação para migrantes que aguardam repatriação, intensificando suas medidas de controle de imigração.
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