O ressurgimento do mercantilismo na era de Donald Trump
No cenário econômico contemporâneo do século XXI, observamos a emergência de novas dinâmicas, moldadas após a era da revolução industrial, resultando em transformações significativas na forma como a produção e o comércio global são conduzidos. Antigamente, o mercantilismo era a abordagem econômica adotada pelas potências mundiais, com o objetivo de promover o enriquecimento e a expansão territorial. Essa estratégia visava, principalmente, alcançar um superávit na balança comercial, acumular metais preciosos, intervir de forma incisiva na economia e adotar políticas protecionistas.
Com o advento da revolução industrial e a especialização da produção, as práticas mercantis se mostraram inadequadas para explorar novos mercados e atrair consumidores. Na virada do século XIX, países como Reino Unido, Alemanha, França e Estados Unidos lideraram a revolução industrial, tornando-se potências econômicas globais, envolvendo-se em comércio internacional diversificado e favorecendo a livre concorrência para determinar os preços através da lei da oferta e demanda.
Entretanto, o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025 marcou uma mudança de rota significativa. Sua postura agressiva de guerra comercial e imposição de tarifas elevadas sobre produtos de diversas origens tem abalado as relações econômicas internacionais. A busca incessante por um superávit comercial, através de tarifas sobre países como China, Canadá, México e matérias-primas de vários continentes, reflete a clássica estratégia mercantilista de balanceamento comercial.
Os esforços para conquistar metais preciosos, semelhantes às ambições das coroas europeias nos séculos passados, evidenciam os paralelos entre a administração atual e as práticas mercantilistas históricas. A busca por acordos exclusivos de extração de minérios na Ucrânia e o interesse na riqueza mineral da Groenlândia ilustram a intervenção governamental em setores estratégicos e o protecionismo adotado, que favorece produtos nacionais em detrimento dos estrangeiros.
As políticas econômicas de Trump, baseadas em premissas mercantis, não apenas impactam a inflação e a economia doméstica, mas também levantam preocupações sobre uma possível recessão nos Estados Unidos. A abordagem ideológica em detrimento da pragmática na condução econômica pode resultar em consequências adversas a médio prazo, refletindo na possibilidade de recorrência de crises econômicas frequentes, caso não haja uma revisão dessas práticas anacrônicas.
Desse modo, é imperativo superar as práticas mercantilistas ultrapassadas, assim como ocorreu no passado com o mercantilismo do século XVIII, a fim de promover um comércio mais saudável e evitar crises persistentes no cenário econômico global atual.
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