A ação da Polícia Militar na Fazenda Coutos, que resultou na morte de 12 suspeitos de integrar facções criminosas em confronto com as forças de segurança, foi gerida com maturidade pelo governo. Comparando com um episódio semelhante ocorrido 10 anos atrás na Vila Moisés, no Cabula, nota-se uma evolução na forma como a atual administração lidou com a situação.
Diferentemente do passado, não houve declarações controversas por parte das autoridades, como a infeliz frase “um artilheiro na frente do gol” proferida na ocasião pelo então governador. Desta vez, Jerônimo Rodrigues agiu com cautela, abordando a possibilidade de investigar eventuais excessos policiais sem questionar a legitimidade da ação. Além disso, o governo demonstrou maturidade ao se articular desde o início com órgãos do sistema de Justiça, evitando desgastes futuros e garantindo a devida investigação dentro dos parâmetros legais.
Do ponto de vista político, o governo atual enfrentará resistência principalmente de grupos de direitos humanos, que historicamente têm sido negligenciados. A oposição, por sua vez, terá que moderar seu discurso sobre segurança pública, considerando que a defesa de medidas extremas não encontra respaldo amplo na sociedade. O debate sobre os acontecimentos envolvendo as 12 mortes na Fazenda Coutos não deve ser monopolizado por interesses políticos, em especial os ligados à necropolítica, que priorizam a defesa dos policiais em detrimento da reflexão sobre o Estado como executor da pena de morte, inexistente na legislação brasileira.
É fundamental que se garanta uma investigação minuciosa, sem prejulgamentos, para elucidar os fatos e, se for o caso, responsabilizar eventuais excessos. O respeito ao Estado Democrático de Direito deve se estender a todos os cidadãos, inclusive aos que vivem em condições desfavoráveis e enxergam no crime uma alternativa de vida. A transparência nas investigações, a atuação do Ministério Público e um julgamento justo pelo Tribunal de Justiça são essenciais para evitar que o país se veja em um cenário de exceção.
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