São Paulo — A Polícia Civil está investigando a promoção do estupro realizada por estudantes de medicina da Faculdade Santa Marcelina durante um torneio de jogos universitários, no último sábado (15/3), que aconteceu na zona leste de São Paulo. Uma foto em destaque mostra 24 estudantes, sendo 23 homens e uma mulher, segurando uma faixa com a inscrição “entra porra, escorre sangue” – em alusão a um ato de violência sexual.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a 8ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) abriu um inquérito para investigar o caso, mesmo sem haver registro oficial da ocorrência. “A unidade policial está disponível para ouvir as denúncias”, afirmou a SSP.
Segundo o Coletivo Francisca, grupo feminista da instituição, a frase teria sido retirada de um hino proibido em 2017 devido ao seu teor violento.
“Se no fundo eu não relo, as bordas eu arregaço
Med Santa Marcelina arrancando seu cabaço
Minha bixete é exemplo, no boquete engole as bolas
Dá o cu sem vaselina, ela é Santa Marcelina
Se no cu minha piroca, na buceta ou nas teta
Entra porra e sai sangue, tu gritando igual capeta”
O evento é o Intercalo, competição entre calouros de várias faculdades de medicina. Ao fundo da imagem, há outra faixa, da atlética de outra instituição, a Nove de Julho. No entanto, os alunos na foto seriam todos da Santa Marcelina, incluindo calouros do time de handebol e membros da atlética da faculdade.
O Coletivo Francisca enviou um comunicado à diretoria do curso de medicina pedindo uma intervenção da instituição diante da situação e cobrando ação em relação ao aluno responsável pela manifestação.
Em comunicado, a Faculdade Santa Marcelina expressou total oposição ao incidente e iniciou uma investigação interna para apurar o ocorrido. “Os alunos responsáveis pelos atos, que ocorreram fora das dependências da instituição, serão punidos de acordo com os princípios estabelecidos e a gravidade da infração. As penalidades podem incluir advertências verbais e por escrito, suspensão e até mesmo expulsão da faculdade”, declarou a faculdade.
Apologia ao estupro é crime
De acordo com o Código Penal, fazer apologia ao estupro é considerado crime, enquadrado no artigo 287, que prevê detenção de três a seis meses, ou multa. Já o estupro em si é descrito no artigo 213 do Código Penal, com pena de reclusão de seis a 10 anos para quem constranger alguém, por violência ou grave ameaça, a ter relações sexuais ou praticar outros atos libidinosos.
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