A guerra comercial desencadeada por Donald Trump revela uma estratégia baseada em tarifas de importação questionáveis que outros países supostamente cobrariam dos Estados Unidos. O jornalista americano James Surowiecki expôs a falácia por trás dessas tarifas fictícias, evidenciando o método excêntrico do presidente.
Ao divulgar porcentagens em uma apresentação recente no jardim da Casa Branca, Trump demonstrou como chegou a esses números absurdos. Ele simplesmente dividiu o déficit comercial dos EUA com um país pelo total das importações americanas desse mesmo local, resultando em tarifas caricatas.
Tomemos a China como exemplo. Ao acusar os chineses de aplicarem 67% de tarifas sobre produtos americanos, Trump dividiu o déficit de US$ 291 bilhões pelo montante total de US$ 434 bilhões importados da China, resultando em 0,67 ou 67%. O presidente, tentando parecer justo, dividiu essa falaciosa porcentagem por 2 e anunciou uma suposta “tarifa recíproca” de 34%.
O presidente usou a mesma lógica distorcida ao calcular tarifas para países como Indonésia e outros da Ásia. Esse cálculo insensato não considerou exportações de serviços, apenas bens, resultando em medidas unilateralmente desequilibradas.
O conceito básico de reciprocidade tarifária, que Trump negligenciou, implica a equidade nas tarifas entre setores e produtos similares. No entanto, estabelecer uma taxa única para todas as mercadorias é irracional e prejudicial.
É fundamental considerar a diversidade produtiva e estabelecer tarifas correspondentes. Punir todos os países por desequilíbrios comerciais específicos é desmedido e injusto.
É crucial compreender que déficits comerciais podem ser benéficos e estratégicos, servindo a interesses econômicos, geopolíticos e de segurança nacional. Trump, em sua visão distorcida, ignora essas dinâmicas complexas em prol de uma abordagem simplista.
Trump, em seus primeiros meses no cargo, abalou alianças internacionais, perturbou o comércio global e gerou incertezas, inclusive para os americanos. Sua postura radical contrasta com a sabedoria de Benjamin Franklin, defendendo que “Nenhuma nação jamais foi arruinada pelo comércio”. Trump parece ignorar que a verdadeira ameaça não está no comércio, mas nas relações hostis.
É hora de repensar a abordagem e os impactos desastrosos dessa estratégia econômica unilateral e desequilibrada.
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