Após meticulosas investigações, a Polícia Federal (PF) descobriu que os ex-executivos das Americanas atuavam de forma coordenada, configurando uma organização criminosa. Paralelos entre as práticas delituosas desses gestores e facções criminosas conhecidas, como o PCC e o Comando Vermelho, foram estabelecidos.
No decorrer das apurações, o que inicialmente se esperava ser uma simples associação criminosa revelou-se algo muito mais grave. Os envolvidos não apenas cometeram delitos no ambiente empresarial, mas também se valeram da estrutura da empresa para perpetrar atividades ilícitas de maior magnitude.
Em trecho do relatório da PF, é ressaltado que a conduta dos acusados não se restringia a práticas ilícitas isoladas, mas sim constituía uma parte essencial da operação, com manipulação sistemática de resultados financeiros. As investigações evidenciaram que as fraudes eram resultado de decisões estratégicas da alta administração, envolvendo diretamente os principais executivos da companhia.
Os investigadores destacaram ainda a clara dissociação entre as responsabilidades formais dos indiciados e suas efetivas funções na organização criminosa, enfatizando o conhecimento compartilhado sobre a realidade operacional contrastando com as práticas fraudulentas divulgadas publicamente.
O Ministério Público Federal (MPF) seguiu as conclusões da PF e formalizou denúncia contra os envolvidos pelo crime de organização criminosa, que acarreta pena de 5 a 10 anos de reclusão, em um esquema que teria causado desvios da ordem de R$ 25 bilhões.
Principais denunciados entre os ex-executivos
A denúncia aponta Miguel Gutierrez, ex-CEO, como o líder do esquema que incluía manobras contábeis para inflar artificialmente os lucros da empresa e manipular os preços das ações. Com 30 anos de casa, Gutierrez comandou o grupo por duas décadas, sendo apontado como mentor das operações fraudulentas.
Anna Saicali, ex-CEO da B2W, também foi mencionada como figura central no esquema. Além de ter ocupado cargos estratégicos, foi responsável pela criação e gestão da AME Digital, plataforma fintech do grupo, após a fusão entre Americanas, Shoptime e Submarino.
Outros nomes, como Timotheo Barros, Marcio Cruz e diversos ex-diretores e executivos, foram igualmente acusados, evidenciando a extensão da operação criminosa que perdurou por anos, revelando a profundidade das irregularidades cometidas pelos altos escalões da empresa.
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