Os equívocos da guerra comercial de Trump e a mudança de posicionamento de “liberais”
A guerra comercial desencadeada por Donald Trump trouxe à tona uma reflexão profunda sobre conceitos econômicos, impactando particularmente a visão da direita. Ao alegar que os Estados Unidos foram lesados por outras nações devido às altas taxas protecionistas, Trump dissemina a ideia equivocada de que o déficit nas transações correntes do país está diretamente ligado ao protecionismo alheio. No entanto, há falhas nesse raciocínio. Primeiramente, vale destacar que o déficit em transações correntes não decorre do protecionismo, mas sim do desequilíbrio entre o que um país gasta e o que produz (ou investe e poupa), conforme preconiza a teoria econômica fundamental.
Ademais, a crença de que as tarifas de importação reduzidas dos EUA em comparação a outros países prejudicam os cidadãos norte-americanos é falaciosa por duas razões contundentes: a renda per capita nos EUA aumentou e o consumidor comum tem acesso a adquirir produtos do mundo todo a preços mais acessíveis. Em outras palavras, a redução das barreiras protecionistas contribuiu para o progresso e bem-estar da população dos EUA.
Assim, quando o Brasil adota medidas protecionistas contra os EUA, quem acaba sendo prejudicado é, em última instância, a população brasileira, seja devido ao encarecimento na aquisição de máquinas e tecnologia para fortalecer a indústria doméstica, seja pela elevação dos preços dos bens importados dos EUA para os consumidores. Infelizmente, essa realidade óbvia tem sido ignorada, levando os chamados “liberais” de outrora a endossar políticas econômicas propostas por figuras como Belluzzo e Bresser. É notável o poder de influência e transformação que o apoio incondicional a um político pode exercer.
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