Maioria dos brasileiros é contra anistia pelo 8/1, aponta Datafolha

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Uma pesquisa realizada pelo Datafolha revelou que a maioria dos brasileiros, correspondente a 56% dos entrevistados, é contrária à anistia aos envolvidos nos ataques golpistas ocorridos em 8 de janeiro. A opinião pública se divide em relação à magnitude das penas impostas a esses indivíduos: 34% as consideram adequadas, enquanto 36% prefeririam vê-las reduzidas e 25% aumentadas.

O levantamento feito pelo instituto contou com a participação de 3.054 eleitores em 172 cidades brasileiras, no período de 1º a 3 de abril, apresentando uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No domingo (6), o ex-presidente Jair Bolsonaro liderou um protesto na avenida Paulista, em São Paulo, em defesa da anistia aos condenados pelo Supremo Tribunal Federal pelos ataques às sedes dos três Poderes em 2023.

O apoio ao político, demonstrado por aproximadamente 55 mil pessoas estimadas pelo Datafolha, evidencia um declínio em comparação com eventos anteriores realizados por Bolsonaro no Rio de Janeiro e em São Paulo no início do ano passado.

Bolsonaro busca fortalecer sua posição no Congresso visando a possibilidade de perdão, não apenas para os indivíduos já condenados, mas também para si mesmo, considerando sua situação judicial delicada, com inelegibilidade até 2030 e a condenação praticamente certa no julgamento referente à sua participação nos eventos golpistas ocorridos no final do seu mandato. Mesmo que uma anistia parlamentar seja improvável, ela seria passível de anulação pelo Supremo Tribunal Federal.

Até o momento, a corte julgou aproximadamente 480 acusados em mais de 1.500 processos, resultando na prisão de pelo menos 155 deles.

A recente controvérsia envolvendo a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos desencadeou a mobilização dos manifestantes. Após uma manifestação em Nova York em que o ministro do STF Luís Roberto Barroso foi confrontado por apoiadores de Bolsonaro, Débora se tornou conhecida por ter escrito a frase “perdeu, mané” com batom, sendo posteriormente condenada a 14 anos de prisão por ação contra o Estado democrático de Direito, entre outros crimes. Após uma revisão e autorização da Procuradoria-Geral da República, a pena de Débora foi convertida em prisão domiciliar.

Os resultados da pesquisa Datafolha indicam uma leve alteração de opinião. Há um ano, 31% eram favoráveis à anistia, número que oscilou para 33% em dezembro passado. Atualmente, essa porcentagem subiu para 37%, enquanto a oposição à anistia passou de 63% para 56%.

As opiniões se mantêm relativamente estáveis na sociedade, com variações previsíveis entre grupos ideológicos. A maioria dos simpatizantes do Partido Liberal (PL) de Bolsonaro (72%) apoia a anistia, enquanto 90% dos adeptos do PSOL e 68% dos petistas se posicionam contrariamente.

Embora a esquerda tenha organizado algumas manifestações contra a anistia, estas tiveram adesão menor em comparação às mobilizações da direita.

A pesquisa revelou que 61% dos eleitores que apoiam Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo pelo partido Republicanos e visto como um nome relevante no bolsonarismo sem a presença de Bolsonaro em 2026, são a favor da anistia. Tarcísio, ex-ministro de Bolsonaro, esteve ao lado do ex-presidente nos eventos do Rio de Janeiro e da avenida Paulista.

Os protestos foram organizados pelo pastor Silas Malafaia, antigo apoiador de Bolsonaro. Entre os evangélicos, 40% são favoráveis à anistia, enquanto 50% se opõem. Neste segmento, a margem de erro é de quatro pontos percentuais.

Em relação à gravidade das penas, que têm alcançado até 17 anos de prisão em alguns casos, os segmentos mais pobres são os que mais acreditam que elas deveriam ser mais severas (30%, com margem de erro de 3 pontos no segmento). Enquanto isso, os mais ricos são os que mais defendem penas mais brandas (47% entre aqueles que ganham de 5 a 10 salários mínimos, com margem de 5 pontos, e 45% na faixa de remuneração acima, com margem de erro de 8 pontos).

Não houve alteração significativa em relação às percepções sobre a magnitude das penas, pois o instituto não havia questionado esse aspecto nas pesquisas anteriores.

O Datafolha também investigou a opinião dos entrevistados quanto à possibilidade de modificar a Lei da Ficha Limpa. O debate no Congresso sobre a redução dos períodos de inelegibilidade de políticos condenados pela Justiça Eleitoral, visando a possível reintegração de Bolsonaro no cenário político, gerou divisão na opinião pública: 47% são contra, 47% a favor, 5% não souberam opinar e 1% demonstrou indiferença. Os estratos socioeconômicos mais altos são os mais contrários à medida (66% com margem de erro de 8 pontos).

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