O relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de Não Repetição, Bernard Duhaime, realizou uma visita ao Hospital Universitário de Brasília (HUB) para analisar as ossadas de indivíduos ligados à guerrilha do Araguaia que foram mortos durante a ditadura militar. A visita ocorreu na noite de quarta-feira (2/4).
Objetivo da visita
- A visita teve como propósito principal examinar as ossadas de pessoas associadas à guerrilha do Araguaia, as quais estão sob custódia judicial há mais de duas décadas, representando vítimas do regime militar.
- O foco da visita foi assegurar a transparência no processo de custódia realizado pela Universidade de Brasília (UnB), com o professor Malthus Fonseca Galvão sendo o depositário do material desde 2001.
- O HUB, sob administração da UnB, mantém as ossadas há anos, aguardando decisões de um processo ainda pendente na 1ª Vara do Tribunal Regional Federal em Brasília.
O professor Malthus Fonseca Galvão, da Faculdade de Medicina da UnB, explicou que é o responsável pela guarda dos materiais relacionados à guerrilha do Araguaia desde 2001, designado pela justiça. Os restos mortais humanos estão sob a custódia do HUB desde 2011, quando foram transferidos para lá.
Transparência e Responsabilidade
O professor ressaltou que a visita do relator da ONU garantiu transparência quanto ao envolvimento da UnB no processo: “Tenho certeza que ele saiu daqui muito satisfeito com todas as observações que foram feitas, com o acesso que ele teve a todo o material. Ele conseguiu conferir in-loco, ele pôde entrar, observar e perceber a seriedade com que a Universidade de Brasília trata esses restos mortais”.
Malthus enfatizou que o HUB se restringe à guarda e conservação dos materiais, não realizando pesquisas genéticas ou estudos históricos, tarefas desempenhadas por outras entidades conforme decisões judiciais. Os materiais estão armazenados com segurança, e amostras já foram coletadas por vários laboratórios, incluindo o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal (PF).
Em Busca de Respostas
Maria Eliana de Castro, irmã de um desaparecido político da guerrilha do Araguaia, acompanha a busca pelos desaparecidos desde 1993, representando os familiares durante a visita do relator da ONU. Ela destacou que a luta obteve impulso após a condenação do Brasil pela Corte Interamericana em 2010, mas ressaltou as dificuldades em encontrar vestígios dos desaparecidos.
Maria Eliana reforçou seu comprometimento com a busca por justiça, mesmo que tardia, e a condenação dos torturadores como forma de honrar a memória daqueles que lutaram por liberdade. Ela declarou: “Luto por isso, sim. Luto e vou lutar sempre”.
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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