A batalha contra a balança nem sempre é equitativa. Enquanto uns conseguem manter o peso sem esforço, outros parecem ganhar peso mesmo comendo pouco – e essa disparidade vai muito além da força de vontade. Diversos elementos, abrangendo desde a genética até a rotina diária, desempenham um papel crucial na maneira com que o corpo reage aos alimentos e armazena gordura.
Importância da genética
A predisposição genética figura como uma das explicações principais para o ganho de peso mais fácil. Indivíduos com antecedentes familiares de obesidade apresentam maior probabilidade de enfrentar o mesmo dilema. Isso se dá porque certos genes podem influenciar o metabolismo, a sensação de saciedade e a forma como o corpo estoca gordura. Em outras palavras, o organismo dessas pessoas tende a reter mais calorias do que queimar, mesmo em repouso.
Metabolismo mais lento
O metabolismo é o conjunto de processos que convertem a comida em energia. Em algumas pessoas, esse mecanismo opera de forma mais lenta, resultando em menor gasto calórico ao longo do dia.
Assim, mesmo com uma dieta equilibrada, o ganho de peso pode ser mais provável, especialmente se não houver atividade física para equilibrar o consumo calórico.
Desregulação hormonal
Desajustes hormonais podem afetar diretamente o peso corporal. Irregularidades na insulina, cortisol, hormônios da tireoide e até em hormônios sexuais podem comprometer o apetite, a distribuição de gordura no corpo e a propensão ao acúmulo de peso. Logo, condições como síndrome dos ovários policísticos (SOP), hipotireoidismo e resistência à insulina podem dificultar a perda de peso.
Qualidade do sono e estresse
O sono insuficiente e o estresse crônico impactam o peso corporal. A privação de sono e o estresse prolongado elevam os níveis de cortisol, aumentando o apetite, especialmente por alimentos ricos em açúcar e gordura. Além disso, a exaustão decorrente da falta de descanso adequado diminui a disposição para se movimentar, contribuindo para o ganho de peso.
Comportamentos adquiridos desde cedo
A relação de uma pessoa com a comida é estabelecida desde a infância. Hábitos como comer em frente à TV, usar a comida como recompensa emocional ou consumir frequentemente alimentos ultraprocessados são fatores que, se mantidos na vida adulta, tornam a gestão do peso mais desafiadora. O ambiente em que vivemos e as influências sociais também impactam nossas escolhas alimentares e nem sempre promovem decisões saudáveis.
Ganhar peso com facilidade não se resume a simplesmente “comer demais”. O corpo humano é afetado por uma rede complexa de fatores que vão além da mera ingestão de calorias. Compreender as raízes desse comportamento pode aliviar a culpa e abrir caminhos mais eficazes e compassivos para o cuidado com a saúde e o peso.
(*) Juliana Andrade é nutricionista formada pela UnB e pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional. Escreve sobre alimentação, saúde e estilo de vida
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