Em uma singela festa de aniversário, Nanette Blitz Konig presenteou Anne Frank com um broche. Essa foi a lembrança de uma amizade que nasceu no Liceu Judaico em Amsterdã, em meio aos dias sombrios da Segunda Guerra Mundial. Ambas tinham a mesma idade e eram colegas de turma. Nanette, hoje aos 96 anos, depois de se casar em 1953, mudou-se para o Brasil.
A invasão nazista na Holanda em maio de 1940 mudou drasticamente a vida de Nanette. O toque de recolher, a estrela de Davi na roupa e as restrições foram apenas o começo do pesadelo. Juntamente com sua família, Nanette foi forçada a viver em campos de concentração, enfrentando condições desumanas enquanto a crueldade nazista se desenrolava ao seu redor.
Em Bergen-Belsen, depois de passar por Westerbork, Nanette presenciou tragédias inimagináveis, como a perda de entes queridos e a fome extrema que assolava o campo. Apesar de não ter tido o cabelo raspado nem sido tatuada, a sobrevivência se tornou uma batalha diária por comida e condições mínimas de higiene.
Após a libertação do campo em abril de 1945, Nanette enfrentou o desafio de reconstruir sua vida dilacerada pela guerra. Com a perda de familiares, ela encontrou em Otto Frank, pai de Anne, apoio e consolo. A tristeza de Anne não estar viva para ver seu diário publicado marcou um encontro simbólico entre Nanette e a história que compartilharam.
Após anos difíceis na Holanda e na Inglaterra, Nanette encontrou no Brasil um lar de recomeço. Ao lado de seu marido, John Konig, ela construiu uma família e uma nova trajetória, mantendo viva a memória dos horrores do Holocausto por meio de suas palestras e livro autobiográfico.
Seu testemunho é um alerta sobre os perigos do preconceito e da intolerância, uma lembrança urgente da importância de educar as novas gerações sobre a História para que os horrores do passado jamais se repitam. A jornada de Nanette é um exemplo de resiliência e força diante da adversidade, inspirando todos que têm a oportunidade de ouvir sua história.
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