O “tarifaço” anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem causado repercussões significativas no mercado global desde o seu pronunciamento, há uma semana atrás. Dados divulgados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI-BA) revelam que as transações comerciais entre a Bahia e os EUA totalizaram US$ 3,72 bilhões no ano de 2024, equivalente a mais de R$ 21 bilhões.
Com exportações baianas no valor de US$ 882 milhões e importações americanas no estado chegando a US$ 2,83 bilhões, o saldo comercial desfavorável para a Bahia em relação aos EUA foi de U$ 1,9 bilhão. Arthur Souza Cruz, economista e coordenador de Acompanhamento Conjuntural da SEI, explica que esse padrão é recorrente em diversas regiões do Brasil devido ao maior valor agregado dos produtos dos EUA.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, embora o país seja apenas o nono maior parceiro dos Estados Unidos. Na Bahia, os EUA ocupam a segunda posição como parceiro, ficando atrás apenas da China, que acumula um volume de comércio de US$ 4,36 bilhões. A Bahia exporta principalmente celulose, produtos pneumáticos, produtos de cacau e benzeno, enquanto nacionalmente o Brasil exporta petróleo bruto, máquinas semiacabadas de ferro e aço, aeronaves e café não torrado.

Foto: Luzia Luna/Ascom SEI
Em relação aos potenciais impactos da tarifa na economia baiana, o economista Cruz acredita que nichos como a celulose, com preços determinados internacionalmente, não devem sofrer redução na rentabilidade, especialmente devido às sobretaxas aplicadas aos concorrentes. Por outro lado, produtos como pneus, sujeitos a uma tarifa de 25% no setor automotivo, podem enfrentar impactos mais significativos.
Ainda assim, Cruz destaca que embora haja um impacto potencial, ele tenderá a ser mais expressivo em setores menos explorados da indústria baiana. O Brasil tem espaço para negociações antes de considerar retaliações, já que alguns países foram mais severamente afetados do que o Brasil com a tarifa de 10%.
Foto: Divulgação
No que se refere ao impacto no PIB estadual em 2025, Cruz acredita que o mercado americano terá pouca influência na Bahia, dado o baixo peso das exportações no PIB local, representando apenas 7,4% do total em 2024.
Além disso, a Bahia é o segundo maior mercado de importações americanas no Brasil, adquirindo principalmente gás natural, óleos combustíveis de petróleo e produtos químicos inorgânicos, de acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham). O Porto de Salvador se destaca como a quinta maior porta de entrada de produtos americanos no Brasil, perdendo apenas para São Paulo em importância.
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