São Paulo — Cem escolas de São Paulo adotarão o modelo cívico-militar no segundo semestre deste ano. O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) acredita que essa abordagem aprimorará o ensino, mas um levantamento aponta que muitas das escolas escolhidas já desfrutam de condições privilegiadas em comparação à rede pública em geral.
O professor Fernando Cássio, da FE-USP, analisou dados do Censo Escolar, comparando as escolas selecionadas com as demais da rede. A pesquisa revela que, enquanto apenas 45,6% das escolas estaduais são de tempo integral, impressionantes 73% das unidades que terão o modelo cívico-militar já operam nesse formato.
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Além disso, as futuras escolas militarizadas apresentam melhores indicadores de infraestrutura. Enquanto 82,9% da rede conta com bibliotecas e salas de leitura, esse percentual chega a 93% nas escolas cívico-militares.
Outros fatores de destaque incluem:
- Quadras cobertas: 83,1% na rede, 91% nas futuras escolas cívico-militares.
- Tablets: disponíveis em 69,5% das escolas estaduais, 76% nas militarizadas.
- Laboratório de informática: presentes em 77,8% da rede, 83% nas escolas cívico-militares.
Qualidade de ensino
As escolas selecionadas priorizam a instalação de pelo menos uma unidade em cada município interessado, com base no Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), que mede a qualidade do ensino. Vale destacar que algumas das unidades escolhidas se destacam em relação às direções de ensino a que pertencem.
Um exemplo é a Escola Estadual Professora Justina de Oliveira Gonçalves, em Ourinhos, que obteve nota 4,58 no Idesp para o Ensino Médio, 206% acima da média da Diretoria de Ensino de Ourinhos.
Como foi a seleção das escolas
- Após sancionar a lei do programa, o governo Tarcísio convidou diretores a manifestarem interesse em adotar o projeto. 302 diretores se mostraram interessados.
- Três consultas públicas foram realizadas para que pais, funcionários e alunos votassem sobre a implantação do modelo.
- Dessas, 132 unidades aprovaram a militarização.
- Dentre elas, 100 escolas foram selecionadas pelo governo.
A maioria das escolas que serão militarizadas possui notas no Ideb superiores à média da rede estadual. Dados indicam que 61 das 100 escolas têm notas acima de 5,1 nos Anos Finais e 4,2 no Ensino Médio.
Por exemplo, a Escola Estadual Professor Geraldo Pecorari, em Junqueirópolis, obteve nota 7 no Ideb dos Anos Finais.
O programa será implantado em 89 cidades paulistas, sendo duas na capital, 20 na Grande São Paulo, cinco no litoral e 73 no interior. Entre essas, 80 municípios têm IDH abaixo da média estadual, e 37 estão abaixo da média nacional.
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