MUITO
A trajetória poética de José Carlos Capinan
Por Gilson Jorge
18/05/2025 – 3:00 h

Capinan celebra sua vida e obra –
Em um lamento que ecoa através das gerações, a morte de Ernesto “Che” Guevara em 1967 afetou profundamente a esquerda latino-americana. Recentemente, o desfalque sentido com o falecimento do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica relembrou essa dor. Naquela mesma época, o jovem poeta baiano José Carlos Capinan sentou-se para transformar sua tristeza em arte, compondo “Soy loco por ti, América”, que capturava a essência do medo de um “futuro sombrio” para a América Latina no contexto da Ditadura Militar.
Essa música se tornou um hino de resistência, interpretada com fervor por Caetano Veloso. O impacto de sua arte se estendeu por parcerias com grandes nomes, como João Bosco, Edu Lobo e Geraldo Azevedo. Mas a trajetória de Capinan não se limita às canções; ela abrange também um papel significativo na cultura e na luta social.
Voltando ao início dos anos 90, um evento curioso marcou a vida do jovem Cláudio Leal. Ele ganhou, em um bingo, o disco “O Viramundo” de Capinan, que selou um primeiro contato mágico com o poeta. Décadas mais tarde, Leal surge novamente na cena cultural, agora como curador do disco “Cancioneiro Geral – Tributo a Capinan”. O álbum conta com a participação de artistas renomados e destaca a obra do poeta, cujo legado não foi esquecido.
Com uma visão crítica e respeitosa, Leal acredita que a obra de Capinan merece ser colocada em destaque. “O disco é um desdobramento do livro ‘Cancioneiro geral’, com sua própria autonomia e relevância”, explica ele. Essa iniciativa busca dar voz a toda a riqueza poética de Capinan, conectando passado e presente.
A busca por expressão artística de Capinan também se expande para o cinema. Sua colaboração nas trilhas sonoras de “Brasil 2000”, um filme de ficção científica que antecipou visões distópicas do país, é um testemunho de sua influência no cenário cultural brasileiro. Apesar das dificuldades enfrentadas na produção do filme, sua contribuição permanece viva.
Compromisso social e cultural
Capinan, nascido em Esplanada em 1941, começou a escrever aos 15 anos. Sua mudança para Salvador para estudar direito na UFBA lhe trouxe novas oportunidades e desafios. Nos anos 70, ele se uniu ao movimento contracultural, buscando redescobrir a essência do Brasil, sempre mantendo sua personalidade única. O poeta enfatiza a importância das questões sociais, destacando sua luta pela criação do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), onde promove a valorização da influência africana na identidade brasileira.
“Temos uma dívida imensa com essa contribuição”, afirma Capinan, que vê na cultura uma forma de resistência. O impacto das novas forças políticas no continente não passa despercebido por ele. A eleição de Donald Trump representou um desafio, mas, ao mesmo tempo, Capinan enxerga uma renovação nas esperanças, até mesmo nas palavras de um Papa que entende as questões latino-americanas.
Capinan celebra sua vida e obra, e um show ao lado de Roberto Mendes está programado para comemorar 25 anos de parceria. Sobre o novo disco, ele expressa sua gratidão: “É um reconhecimento do meu esforço na música popular brasileira. A representatividade dos meus parceiros é de grande importância”.
O álbum digital “Sessões Selo Sesc #14: Cancioneiro Geral – Tributo a Capinan”, gravado em 2024, já está disponível nas principais plataformas de música. O legado de Capinan continua a ressoar, e é essencial que sua voz nunca se silencie.
Compartilhe suas reflexões sobre a obra de Capinan e como ela impactou sua vida. Queremos saber menos sobre como a música pode ser um canal de transformação para todos nós. Deixe seu comentário!
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