A imagem do Poder Judiciário e a comunicação institucional

Publicado:

compartilhe esse conteúdo


COLUNA

Confira a coluna Amab em Foco desta sexta-feira

Por Diego Góes Lima*

23/05/2025 – 1:30 h

Diego Góes Lima

Diego Góes Lima –

Nas últimas semanas, foi abordada a necessidade urgente de refletir sobre a comunicação institucional do Poder Judiciário. Estamos em um momento crítico, marcado pela proliferação de notícias falsas e uma percepção negativa sobre a eficácia dos serviços prestados por magistrados e servidores em todo o Brasil.

Em 2023, os magistrados brasileiros mostraram uma notável capacidade de trabalho, proferindo 33,2 milhões de sentenças e decisões conclusivas, enquanto 34,9 milhões de processos foram arquivados. Na Bahia, os números também são impressionantes: mais de 1 milhão 669 mil processos foram julgados, e 1 milhão 802 mil foram arquivados.

Temos, portanto, um paradoxo. Apesar desse esforço notável, a percepção pública não reflete a realidade, especialmente na Bahia. Aqui, os juízes de primeiro grau contam com apenas um assessor, e os juízes substitutos, sem assessoria, tornam seu trabalho ainda mais impressionante.

É natural que muitos se perguntem: “Se tanto foi julgado, por que meu processo está sem solução há anos?” Uma das razões é o alto grau de judicialização. Em 2023, foram registrados mais de 1 milhão e 638 mil novos processos na Bahia, e de janeiro a junho de 2024, mais de 1 milhão e 45 mil novos casos entraram. Em contrapartida, foram julgados mais de 1 milhão e 311 mil processos no mesmo período.

Outro fator crítico é a falta de recursos humanos. Em dezembro de 2024, contavam-se 443 cargos vagos de desembargadores e juízes no estado, o que dificulta ainda mais o ritmo das soluções. Será que a realização de concursos públicos resolveria esta situação? A resposta é complexa; no Brasil, para cada 100 processos solucionados, outros 89 ingressam no sistema, mantendo o acervo em níveis alarmantes.

A cultura de judicialização, especialmente pelo poder público, é um elemento central nesse cenário. Os órgãos públicos são os principais litigantes, contribuindo significativamente para o aumento da demanda por justiça, sem que haja correspondente ampliação na estrutura do Judiciário, um tema frequentemente ignorado pelos Executivos e Legislativos.

É essencial que a sociedade aceite que a eficiência do sistema de Justiça não depende apenas do trabalho do Judiciário. Uma mudança cultural em relação ao uso dos meios judiciais é necessária. Políticas de desjudicialização, fortalecimento de métodos alternativos de resolução de conflitos e melhorias administrativas são indispensables para reduzir o volume de processos.

A comunicação clara e baseada em dados confiáveis do CNJ pode ajudar a reconstruir a imagem da justiça no Brasil. As associações de magistrados têm um papel proativo a desempenhar nesse processo, promovendo informação precisa e acessível.

Os dados mencionados estão disponíveis nos painéis estatísticos do CNJ e do TJBA.

*Juiz substituto da Comarca de Tanque Novo (BA)

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Whatsapp

Siga nossas redes

“`

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Seis presos fogem de cela destrancada na Cadeia Pública de Sumaré

Seis detentos fugiram da Cadeia Pública de Sumare, na região metropolitana de Campinas, neste domingo, logo após uma audiência de custódia. Segundo a...

Preço médio do etanol sobe em 13 estados e atinge R$ 4,42 no país

Jovem Pan> Notícias> Brasil> Preço médio do etanol sobe...

Primeiro trecho do Rodoanel Norte liga Dutra e Fernão Dias a partir de terça-feira

Rodoanel Norte: primeiro trecho de 24 km é liberado com pedágio sem cancela O primeiro trecho do Rodoanel Norte, com 24 quilômetros, será liberado...