Como a fusão Marfrig-BRF, gigantes do agronegócio, impacta o mercado

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Em um movimento que promete mudar o cenário do agronegócio brasileiro, Marfrig e BRF anunciaram a fusão de seus negócios no último dia 15, criando um titã com receita líquida de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses. Batizada de MBRF Global Foods Company, a nova gigante do setor unifica todas as marcas dessas duas renomadas empresas, com a Marfrig sendo a segunda maior produtora de carne bovina do mundo e líder na produção de hambúrgueres, enquanto a BRF é conhecida pela sua especialização em aves, custodiando marcas icônicas como Sadia e Perdigão.

O processo de fusão será realizado através da troca de ações, onde acionistas da BRF receberão papéis da Marfrig, que possui 50,49% de participação na BRF. A relação estipulada é de 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF, permitindo que um acionista que detém 100 ações da BRF receba cerca de 85 ações da nova empresa. Além disso, proventos substanciais estão previstos, com a BRF distribuindo até R$ 3,52 bilhões e a Marfrig, R$ 2,5 bilhões.

Com a expectativa de alcançar R$ 485 milhões anuais em receitas e uma redução de despesas de R$ 320 milhões, essa fusão consolida um movimento crescente de consolidação no segmento de agronegócio. Em 2024, houve um aumento de 140% em fusões e aquisições no setor, conforme dados da KPMG, refletindo a tendência de crescimento em um mercado que já mostrou sua força na economia brasileira nos últimos anos.


Impacto global

A união entre Marfrig e BRF cria um novo “player” global que desafia líderes do setor como Tyson Foods e JBS, segundo especialistas consultados. Este colosso não apenas amplia o acesso de produtores brasileiros ao mercado internacional, mas também fortalece todo o ecossistema de fornecedores. Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital, observa: “A fusão oferece a escala necessária para um poder de barganha maior dos fornecedores, essencial em um setor que opera com margens de lucro geralmente estreitas devido à volatilidade dos preços das commodities.”

Com marcas como Sadia e Perdigão tendo reconhecimento internacional, a nova empresa poderá explorar mercados como o norte-americano, potencializando suas exportações e acelerando seu crescimento. Segundo Queiroz, essa sinergia pode proporcionar um aumento significativo no faturamento de R$ 152 bilhões.

Octaciano Neto, fundador da Zera e ex-secretário estadual de Agricultura do Espírito Santo, salienta que esta fusão oferece aos produtores brasileiros de proteína animal uma oportunidade singular de se conectarem ao mercado internacional. “Isso fortalecerá o produtor brasileiro como um grande fornecedor”, afirma, evidenciando o impacto positivo da fusão na posição do Brasil no mercado global.

Entretanto, a felicidade no mercado não é unânime. Um relatório do BTG Pactual aponta que, apesar das sinergias esperadas, a fusão também traz riscos significativos, como variações nas taxas de juros e câmbio, além de volatilidade nos preços de commodities. Acionistas minoritários da BRF expressaram preocupação com a relação de troca, que eles consideram desfavorável. A operação representa um valor por ação de R$ 17,30, cerca de 16% abaixo do preço negociado antes do anúncio da fusão.

Hugo Queiroz explica que a percepção de que a fusão favorece mais a Marfrig afetou o preço das ações. “O mercado viu assimetrias relevantes nas condições de troca estabelecidas, e a impressão inicial é que quem se beneficiará mais é a Marfrig.”

Após o anúncio, as ações da BRF caíram, enquanto as da Marfrig subiram acentuadamente, revelando as divergências nas percepções de investidores sobre o impacto dessa fusão.

A ameaça da gripe aviária

Recentemente, um caso de gripe aviária H5N1 foi detectado no Brasil, logo após o anúncio da fusão. Apesar de causar preocupações, especialistas sugerem que não haverá grandes repercussões para o setor ou para o processo de fusão. “O governo já tinha um plano de contingência pronto. O impacto pode ser limitado ao setor de avicultura, mas não deve afetar a fusão”, afirma Octaciano Neto.

Com o governo brasileiro iniciando um período de 28 dias para contagem de casos e a possibilidade de retorno à normalidade, o mercado aguarda a evolução desta situação. A resposta rápida da defesa brasileira pode ser um bom sinal para a recuperação das relações comerciais internacionais.

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