A recente confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro, no Rio Grande do Sul, já provoca mudanças significativas no mercado de ovos. Este produto, que teve uma alta acumulada de 12,32% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA, pode ver os preços despencarem à medida que as consequências da doença se desenrolam.
A suspensão temporária das importações de países como China, União Europeia, México e Chile—juntos responsáveis por 28% das exportações brasileiras de frango e ovos em 2024—significa que o excedente destinado ao exterior precisa ser redirecionado ao mercado interno. Essa sobreoferta poderá pressionar os preços para baixo, conforme analisam os especialistas.
De acordo com o economista Andre Braz, do FGV Ibre, o aumento na oferta, tanto de frango quanto de ovos, deve provocar uma redução temporária dos preços ao consumidor. Entretanto, ele alerta que os produtores deverão ajustar a produção para evitar prejuízos futuros relacionados aos custos de criação.
Como medida preventiva, o governo de Minas Gerais já ordenou o descarte de 450 toneladas de ovos fecundados provenientes do Rio Grande do Sul. No total, cerca de 1,7 milhão de ovos foram eliminados após a confirmação do vírus H5N1 na granja gaúcha.
Felipe Vasconcellos, sócio da gestora Equus Capital, enfatiza que a indústria precisará se adaptar a esse novo cenário, explorando alternativas para cortes ou produtos que antes eram destinados à exportação. A pressão sobre o mercado interno será notada nas próximas semanas.
O Ministério da Agricultura comunicou que os países com restrições regionais, como Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes, continuarão a receber produtos de outras áreas do país. Contudo, a ruptura nos principais mercados exigirá uma reestruturação na logística e no armazenamento de ovos e frango, o que também poderá afetar os preços.
Apesar da instabilidade inicial, os especialistas acreditam que um ajuste na produção, aliado à possível retomada das exportações, deve ajudar a reequilibrar o setor nos próximos meses.
Comentários Facebook