Ao analisar gravações de câmeras corporais de policiais militares de São Paulo, o coronel da reserva José Vicente da Silva expressou sua inquietação sobre um possível “clima organizacional permissivo” à violência nos batalhões especiais da PM. Sua preocupação surge após o assassinato do entregador Gabriel Ferreira Messias da Silva, de apenas 19 anos, durante uma abordagem do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) na zona leste de São Paulo, cuja narrativa dos PMs foi desmentida pelas imagens disponíveis.
Gabriel foi alvejado por um policial, que alegou que a vítima estava armada. No entanto, as filmagens contradizem essa afirmação. Ao contrário do que foi relatado, a análise das câmeras revela tentativas de um alibi forjado, com a inclusão de uma arma no local do crime, levantando questões sobre a legitimidade e a moralidade dos atos dos policiais envolvidos.
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Gabriel pediu ajuda antes de morrer
Reprodução
“A preocupação que tenho é a disposição profissional para um policial cometer uma fraude, cometer um crime para, supostamente, prevenir outro crime”, afirmou o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública.
A situação torna-se ainda mais alarmante com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), que mostram um aumento de 90% na letalidade da PM em 2024, contabilizando 595 vítimas. Esses números incluem 69 ocorrências apenas entre janeiro e março na Baixada Santista.
A execução de Gabriel
Na noite do crime, enquanto Gabriel agonizava após ter sido ferido, os policiais começaram a revisar as gravações das câmeras corporais. Embora alegassem que a vítima havia sacado uma arma após fugir de uma abordagem, as evidências contradizem essa versão, mostrando que a arma foi plantada após os fatos.
O soldado responsável por registrar as imagens parece ter deliberadamente checado o momento em que a arma foi colocada no local do crime, um ato questionável que levantou sérias dúvidas sobre a conduta dos policiais.
“Vira, vira”
Em imagens gravadas, é possível ver o sargento Ivo Florentino dos Santos instruindo outro policial a “virar” enquanto se agacha ao lado da moto de Gabriel. O mesmo sargento, em um momento posterior, afirma ter encontrado uma arma, embora a gravação mostre que nada estava lá antes de sua intervenção.
Um oficial da reserva, familiarizado com o uso das câmeras, revelou que existe um recurso que permite aos policiais acessar as filmagens pelo celular, o que poderia ter ajudado na averiguação da conduta de todos os envolvidos no incidente.
Um clamor por justiça
“Meu filho foi executado”, declarou a mãe de Gabriel, Fernanda Ferreira, que busca justiça desde o trágico evento. A dor e o desespero que ela expressa são evidentes, refletindo a luta contínua de mães como ela por respostas em um sistema que parece falhar.
“Durante esses últimos seis meses, eu não sei o que é dormir, não sei o que é comer direito. Meu filho tinha sonhos e planos; ele não era só mais um.”
A Secretaria de Segurança Pública não forneceu respostas concretas sobre o caso. Embora tenha afirmado que os policiais estão afastados, a falta de transparência e ação efetiva alimenta ainda mais a indignação da sociedade.
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