Esquema Ponzi: sócios da Petra Gold discutiam fraudes desde 2018

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Desde 2018, antes mesmo da Petra Gold ser denunciada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os sócios Eduardo Monteiro Wanderley e Diego Ribeiro de Jesus já estavam em conluio, arquitetando a emissão irregular de debêntures. Documentos obtidos demonstram que o casal tinha plena consciência das irregularidades e do iminente colapso da empresa, além de traçar estratégias para atrair novos investidores de maneira fraudulenta, configurando o que pode ser um esquema Ponzi.

Investigações revelam que a Petra Gold e seus sócios aliciavam investidores para aplicações em operações fraudulentas, oferecendo debêntures privadas com características de emissão pública sem o devido registro no CVM. Centenas de vítimas relataram que, após solicitar o resgate de seus investimentos, se depararam com a recusa da empresa, que alegava uma falta de liquidez generalizada.

Consciência do erro

As conversas entre Eduardo e Diego, trocadas em agosto de 2018, já se mostravam preocupantes, com um dos sócios relatando o receio de um investidor sobre a insolvência da Petra Gold. Em abril de 2019, as advertências da CVM já geravam inquietação, levando Diego a tentar acalmar um investidor preocupado com a solidez da empresa. Ele assegurou que não havia riscos, apesar das evidências em contrário.

Diego justificou a situação dizendo que a CVM tinha recomendado a suspensão das vendas de debêntures, mas conseguiu dar uma certa tranquilidade ao investidor, afirmando que a situação estava sob controle. No entanto, em momentos de angústia, Eduardo propôs um caminho mais obscuro: captar diretamente dos investidores, longe do radar da CVM, garantindo que não haveria bem mais que um aparente contrato de investimento.

Neste contexto, Eduardo ressaltou as vantagens dessa abordagem solene: “Fugimos do radar da CVM, pois estamos vendendo uma franquia, não celebrando um contrato de investimento.” A ideia era clara: manter os investimentos a fluir incessantemente.

A queda

Entretanto, com o avanço do tempo, a situação começou a escorregar para a beira do abismo. Em 2020, a Petra Gold já enfrentava pedidos de rescisão de contratos e o pânico tomou conta dos sócios. Enquanto isso, novos investidores ainda eram aliciados, sem ideia do que se passava, mas cientes de que os saques já não eram mais processados de maneira ágil.

Um áudio de um investidor, frustrado pelas dificuldades de resgatar seu capital, expôs o quanto a credibilidade da empresa estava se desintegrando. Eduardo, em suas mensagens, mencionou que agora teria que negociar os parcelamentos dos resgates, devido à incapacidade da empresa de honrar os compromissos financeiros.

Em um desespero crescente, Eduardo chegou a colocar sua própria casa como garantia, revelando a crítica situação que enfrentavam. Mesmo assim, as debêntures continuavam a ser vendidas para aqueles que ainda desconheciam a crise em que a empresa estava imersa.

No cenário trágico, enquanto os investidores lutavam para reaver seu dinheiro, a organização criminosa se viabilizava com patrocínios culturais e esportivos, adquirindo bens luxuosos, como um teatro no Leblon e financiar museus respeitados.

Operação

Finalmente, mais de cinco anos após o início desse drama financeiro, a polícia começou a agir. Em dezembro de 2024, as autoridades desencadearam a Operação Lóris, que resultou no sequestro de R$ 300 milhões dos envolvidos. A investigação constatou práticas de estelionato e gestão fraudulenta de instituição financeira, além de promessas de rendimentos irregulares.

Recentemente, a segunda fase da operação aprofundou as investigações, com mandados de busca e apreensão sendo cumpridos na residência de Eduardo, revelando a venda ilegal de obras de arte. Apesar do bloqueio judicial, Eduardo garantiu que havia se confundido ao vender apenas as obras não vinculadas ao inquérito.

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