Maria Marighella, atriz, ex-vereadora e atual presidente da Funarte, compartilha sua visão sobre o teatro de Salvador em um momento desafiador. Para ela, a arte cênica é um testemunho da resistência cultural, mas essa resistência precisa de um alicerce forte: políticas públicas direcionadas. “O teatro nunca vai morrer, assim como o circo tradicional, sempre terá seu espaço. No entanto, é vital que se repensem as estratégias de apoio à arte”, afirma.
Mesmo distante fisicamente da cena soteropolitana, Marighella observa atentamente os desafios que os artistas enfrentam, que vão além da criação cênica. Ela destaca que as transformações urbanas e as novas dinâmicas de consumo cultural impactam diretamente a frequência aos teatros. “As pessoas têm medo de sair de casa, e os custos dos ingressos, somados ao transporte e à alimentação, geram barreiras”, explica.
A atriz salienta a necessidade urgente de investimento contínuo por parte do poder público em expressões artísticas, que enfrentam ameaças constantes devido às mudanças de mercado. “Assim como os blocos afros previnem sua continuidade no carnaval através de políticas de proteção, o teatro precisa de um suporte semelhante para sobreviver e prosperar”, afirma.
Marighella também evoca a memória do Teatro Maria Bethânia, um espaço simbólico para a cena teatral baiana que, ao ser fechado por falta de incentivo, se transformou em uma casa de bingo e depois numa clínica. “É sintomático que a morte da arte esteja atrelada ao adoecimento da sociedade”, reflete. Em 1994, ela e outros artistas tentaram impedir o fechamento do teatro, mas sem uma legislação de incentivo, não conseguiram. “Espaços culturais, mesmo privados, devem ser considerados de interesse público”, argumenta.
Por fim, ela ressalta que reconhecer as dificuldades do setor artístico não é fraqueza, mas sim um ato de lucidez. “Temos que ouvir, agir e compreender a importância do teatro. Ele pode não morrer, mas sua presença em locais significativos está em risco sem um sólido apoio governamental”, conclui Marighella.
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