São Paulo – Um adolescente de 13 anos passou mais de 24 horas na sede do Conselho Tutelar de Cidade Tiradentes I aguardando uma vaga em abrigo. Devido à espera, ele dormiu na instituição e saiu no dia seguinte sem acolhimento.
O caso ocorreu na semana passada, quando a vaga foi solicitada pelo Conselho Tutelar na quarta-feira (7/5) às 14h. O jovem permaneceu na instituição até as 21h30 do dia seguinte, conforme informou o conselheiro Elias Costa.
“São coisas surreais. É a maior capital do país, o maior orçamento. O serviço de acolhimento deveria ser referência”, declarou.
Esse incidente é um reflexo da demora no encaminhamento de crianças e adolescentes para abrigos, denunciado por conselheiros de várias regiões. Todos relataram tempos de espera extensos para resposta às solicitações de vagas.
“Em casos extremos, não temos o que fazer”, afirmou um conselheiro anônimo, que tinha um pedido aberto há três dias sem retorno. Duas jovens em situação semelhante optaram por voltar para as ruas ao invés de esperar.
Juliana Cleiri, conselheira de Cidade Tiradentes II, ressaltou que a situação tem se agravado: “É insustentável. A gente espera até quatro horas e, quando surge uma vaga, é muitas vezes fora da região.” Ela questiona a dificuldade de deslocamento para as mães visitarem os filhos.
Magda Abreu, da unidade Brasilândia, também confirmou que jovens são frequentemente encaminhados para locais distantes. “Já houve casos até para Santo Amaro, a mais de 20 km daqui”, contou.
A promotora da Infância e Juventude, Sandra Massud, afirma que as vagas para adolescentes são um desafio enorme, devido ao perfil diversificado de jovens em situação de vulnerabilidade.
Ela sublinha que o MPSP está atento às denúncias e dialoga com a Prefeitura e outros envolvidos para buscar melhorias nos acolhimentos.
O que diz a Prefeitura
Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) afirmou que entre 2023 e 2024, foram implantados 23 novos Serviços de Acolhimento, somando 345 novas vagas à rede. Atualmente, a cidade possui 2.250 vagas de acolhimento distribuídas em 150 serviços.
A prefeitura destacou que a avaliação de risco à segurança do acolhido é um dos critérios para encaminhamentos, podendo influenciar na mudança de território.
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