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> Viagem de Lula a Pequim mostra Brasil cada vez mais próximo da China e distante dos EUA

Presidente da República terá na terça-feira (13) o seu terceiro encontro oficial com Xi Jinping desde 2023; os dois países devem anunciar investimentos que alinhem o PAC à Nova Rota da Seda

  • Por Jovem Pan
  • 12/05/2025 06h00

Ricardo Stuckert/PR

Luiz Inácio Lula da Silva, durante a 14.07.2024 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunia?o com o Presidente da Repu?blica Popular da China, Xi Jinping,

Encontro entre Lula e Xi Jinping no Palácio do Planalto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está na China para uma visita oficial que busca estreitar os laços diplomáticos e econômicos entre ambos. Com tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos, a visita pode resultar na assinatura de mais de 20 acordos bilaterais nas áreas de infraestrutura, energia, tecnologia, agricultura e saúde. Esta é a segunda vez que Lula visita o país no seu terceiro mandato, e ele se reunirá com o presidente Xi Jinping na terça-feira (13), concretizando assim o terceiro encontro de alto nível desde 2023.

Espera-se que ambos os governos anunciem investimentos que alinhem o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ao projeto global conhecido como Nova Rota da Seda, embora o Brasil ainda não tenha uma adesão formal a esta iniciativa. Os acordos poderão incluir parcerias em rodovias, ferrovias, energia, e indústria naval.

A China também está interessada em instalar uma fábrica de fertilizantes no Paraná, o que diminuiria a dependência do Brasil em relação à ureia importada. Também estão na pauta a liberação da venda de aeronaves da Embraer e um acordo simbólico para o envio de pandas ao Brasil, um gesto de amizade moral da China.

A aproximação com a China se dá em um contexto de distanciamento do Brasil em relação aos Estados Unidos, especialmente desde o retorno de Donald Trump. As divergências entre Trump e Lula abrangem temas como meio ambiente e governança. As tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros contrastam com a relação mais favorável com a China, que enfrenta também tensões comerciais com Washington.

A guerra comercial entre EUA e China abre espaço para o Brasil estreitar laços com seu maior parceiro comercial. Durante a visita, Lula e Xi Jinping devem discutir a defesa do multilateralismo e questões geopolíticas, incluindo a guerra na Ucrânia. Os dois países pertencem a um grupo chamado “Amigos da Paz” e buscam um cessar-fogo com uma proposta diplomática que tem apoio principalmente da Rússia.

A jornada do presidente brasileiro inicia na segunda-feira (12), com reuniões com empresários de setores variados, incluindo energia e saúde, e culmina em um seminário com grandes executivos brasileiros.

Na terça-feira, após o encontro com Xi, Lula participa da cúpula China-Celac, que atua como um ponto de entrada significativo da China na América Latina, onde investimentos em infraestrutura têm crescido. O retorno ao Brasil está previsto para quarta-feira (14), após a conclusão de sua agenda oficial em Pequim.