Mounjaro no Brasil: o que esperar da caneta que promete emagrecimento sem cirurgia

O sucesso do Mounjaro trouxe à luz questões importantes sobre seu uso e acesso – Foto: Reprodução

A chegada do Mounjaro, da Eli Lilly, aos mercados brasileiros promete transformar a vida de milhões que lidam com a obesidade. Com a aprovação da Anvisa, este medicamento, disponível em diferentes dosagens, traz uma nova esperança para 25% da população brasileira diagnosticada com obesidade.

A aprovação é um marco, especialmente após a autorização anterior para o tratamento do diabetes tipo 2. O estudo Surmount, que incluiu mais de 20 mil pacientes em nove países, demonstrou que os usuários do Mounjaro perderam até 22,5% do peso corporal na dose máxima de 15 mg, comparado a apenas 0,3% no grupo placebo.

A endocrinologista Aline Feitosa, expert no tratamento da obesidade, observa que a combinação de ações dos hormônios GLP-1 e GIP no Mounjaro é fundamental. “Ele proporciona uma perda de peso significativa, similar à cirurgia bariátrica, mas sem a necessidade de um procedimento invasivo”, afirma. Aline ressalta que a obesidade é uma doença crônica e um tratamento eficaz é um avanço significativo.

Desafios enfrentados com a popularidade do Mounjaro

O sucesso do Mounjaro trouxe consigo desafios, como a prescrição indevida e problemas de contrabando. A fabricação local deve facilitar o acesso e reduzir os custos, com a menor dose, de 2,5 mg, caindo de R$ 2,5 mil para cerca de R$ 1,6 mil.

Além disso, a competição no mercado resultou em preços mais baixos para medicamentos como Ozempic e Wegovy. Contudo, a Dra. Aline alerta para a necessidade de acompanhamento médico rigoroso, pois os efeitos colaterais — como náuseas e vômitos — não devem ser ignorados.

A venda do Mounjaro exige retenção da receita, essencial para monitorar a saúde dos pacientes ao longo do tratamento. As aplicações, starting with 2,5 mg e progredindo para 15 mg, ocorrem semanalmente, proporcionando um plano de ação controlado e orientado.

Histórias de sucesso com Mounjaro

Aline Feitosa comemora a chegada do Mounjaro ao Brasil, impactando vidas e oferecendo novas esperanças.

Pessoas que iniciaram o tratamento estão compartilhando suas jornadas em grupos, como o perfil no Instagram “Mounjaro e Eu”. Um dos usuários, que começou pesando 108 quilos, já está com 19 quilos a menos após 19 semanas. Ela enfatiza a importância do apoio médico e mudanças no estilo de vida como pilares para o sucesso.

Perspectivas futuras para o tratamento da obesidade

No mesmo dia da aprovação do Mounjaro, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abriu uma consulta pública sobre a inclusão da semaglutida no SUS. A sociedade civil tem até 30 de junho para se manifestar, com a expectativa de que o medicamento beneficie pacientes mais velhos com obesidade e problemas cardiovasculares.

A questão ainda se encontra em discussão, pois os custos iniciais foram considerados altos. Porém, a Novo Nordisk acredita que a adoção do medicamento pode economizar gastos com tratamentos de doenças crônicas associadas à obesidade.

Com a expiração da patente da semaglutida no próximo ano, o cenário deve mudar, possibilitando a entrada de concorrentes e a venda de formas genéricas, ampliando o acesso a milhões de brasileiros.