“Geração cansada”: por que os jovens estão abandonando a festas noturnas?

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Na vibrante Salvador, uma nova geração de jovens está redefinindo as convenções da vida noturna. O estudante de medicina Felipe Gildo, de apenas 19 anos, faz parte desse grupo que opta por encontros tranquilos em casa a baladas até altas horas. “Para mim, não faz sentido passar a noite acordado na rua”, revela. Esse fenômeno não é exclusivo da capital baiana; pesquisas indicam que a cultura do dia ganha força globalmente, refletindo uma mudança nas preferências e hábitos dos jovens.

A pandemia parece ter intensificado essa transformação, onde a vida noturna, antes símbolo de liberdade, agora é vista como uma rotina desgastante. Um estudo da FutureFuture destaca que a geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, não vê mais na vida noturna uma ferramenta de afirmação de identidade. Mayana Jucá, de 29 anos, se enquadra nesse novo padrão. “Sair à noite desregula minha vida. Prefiro aproveitar o dia com os amigos”, afirma, enquanto troca boates por encontros em cafés e passeios ao ar livre.

Outro fator que influencia essa mudança é a crescente insegurança nas grandes cidades e a crise econômica. Além disso, a geração atual consome menos álcool. Isadora Fornari, sommelier de bebidas, indica que os jovens preferem opções mais saudáveis, como refrigerantes e drinks sem álcool. Essa tendência leva marcas tradicionais a diversificarem suas ofertas, refletindo uma renovação do mercado.

Seguindo essa mudança, eventos como a SSA Coffee Party, realizada durante o dia, têm se tornado cada vez mais populares. A organizadora Brenda Matos criou esse evento para atender ao público que procura uma experiência de festa sem as consequências do consumo de álcool. “É um espaço voltado para o bem-estar”, afirma, atraindo tanto os jovens quanto aqueles com mais de 30 anos que buscam uma nova forma de se divertir.

Apesar da ascensão dos eventos diurnos, o CEO do grupo San Sebastian, José Augusto Vasconcelos, acredita que a vida noturna ainda tem seu espaço. “As festas noturnas continuam atraindo quem cresceu com esse formato, mas as celebrações diurnas são um complemento”, analisa. Essa diversidade só aumenta a oferta para diferentes públicos, enquanto DJs como Ober notam um aumento nos pedidos para eventos que terminam mais cedo.

Lucas Cerqueira, de 25 anos, exemplifica a nova mentalidade em relação ao lazer. Com uma rotina carregada de trabalho e exercícios fisícos, ele admite que as baladas não se encaixam mais em seu estilo de vida. “Prefiro reunir os amigos em casa”, confirma. Este novo paradigma é reforçado pelo crescimento de plataformas de streaming e serviços de delivery, que permitem que a diversão chegue até a porta de casa.

Os dados da pesquisa Cultura nas Capitais apontam que muitos jovens de Salvador têm frequentado menos atividades culturais. Fatores como a distância dos eventos e a insegurança aumentam a preferência por encontros íntimos, onde é possível relaxar sem a pressão da noite. “Gosto de reuniões mais tranquilas, que não se estendem até de madrugada”, diz Felipe, trazendo à tona uma preferência por rotina mais leve e produtiva.

Este novo estilo de vida exige ajustes nas prioridades, como dormir mais cedo e organizar a rotina de forma mais eficiente. Mayana observa uma crescente troca de noites longas por manhãs produtivas, uma mudança que parece ser um efeito cascata, promovendo um ciclo positivo de bem-estar. José Augusto complementa essa reflexão, afirmando que, mesmo com mudanças nas tendências, a busca por conexão e experiências continua a ser um pilar fundamental entre os jovens.

E você, já se deixou levar por esse novo estilo de vida? Compartilhe suas experiências e nos diga como você prefere aproveitar o tempo com os amigos: durante a noite ou sob a luz do dia!

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