Afeto grisalho

“Junho Violeta” – Foto: Olga Leiria / Ag. A TARDE

“Junho Violeta” representa mais do que uma campanha; é um clamor por dignidade. Ao longo do mês, buscamos conscientizar sobre a importância de acolher e proteger nossos idosos, combatendo toda forma de violência contra essa população.

Os desafios enfrentados por aqueles que têm mais de 60 anos são imensos. Muitos vivem sob a pressão emocional de familiares, sentindo-se vulneráveis em suas próprias casas ou nas ruas. São frequentemente vítimas de extorsão financeira e intimidações, o que as fragiliza ainda mais.

Para aqueles que já percorreram longas jornadas, o que mais se deseja é carinho, atenção e dignidade. A ausência de amor e respeito é algo que pode ser suprido apenas por gestos de generosidade e compaixão, quando há disposição para isso.

Este movimento visa resgatar valores essenciais que humanizem as relações com a população idosa, composta por verdadeiros sobreviventes das adversidades da vida. Mudar essa realidade parece uma tarefa colossal, especialmente em um país onde a velhice é muitas vezes vista como um fardo.

A negligência e a omissão em relação à saúde dos idosos são falhas comportamentais evidentes, que deveriam ser refletidas à luz do Estatuto do Idoso. Em 2024, a Central Nacional de Denúncias de Violação dos Direitos Humanos, conhecida como Disque 100, recebeu 48 mil chamadas de socorro, um sinal alarmante da necessidade de mais suporte e acolhimento nas delegacias e conselhos municipais.

Atualmente, cerca de 32 milhões de pessoas, representando 15% da população, têm mais de 60 anos. Esse número tende a crescer, e o país só tem a ganhar ao valorizar as lições de vida e a sabedoria dos mais velhos. O exemplo de culturas que reverenciam seus anciãos, como as nações indígenas e até mesmo os lobos, nos mostra que a lealdade e respeito são virtudes essenciais que podem ser adotadas.