“Assisti vídeo do meu filho 69 vezes”, diz mãe de médico morto por PMs

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A tragédia que marcou a vida da médica Silvia Mônica Cárdenas Prado chegou em um momento inesperado, quando seu filho, Marco Aurélio Cardenas Acosta, um estudante de medicina de apenas 22 anos, foi baleado à queima-roupa por um policial militar em um hotel na Vila Mariana, São Paulo. Essa perda, ocorrida em novembro de 2024, se tornou símbolo de uma onda de violência policial que abala a cidade. O governo de Tarcísio de Freitas, inicialmente em silêncio, foi pressionado a reconhecer a gravidade da situação.

Em um ano marcado por um aumento alarmante no número de mortes em intervenções policiais – 246 casos em São Paulo, um aumento de 68% em relação ao ano anterior – Marco Aurélio foi uma das vítimas. A divulgação das imagens da agressão, capturadas pelas câmeras corporais dos policiais, geraram indignação. Contudo, após meses, a família ainda aguarda uma resposta efetiva das autoridades, que parecem indiferentes à situação.

Recentemente, a Polícia Militar autorizou o retorno dos agentes envolvidos na abordagem letal às ruas. A dor da família foi exposta durante um evento na Câmara Municipal, onde uma faixa clamava por justiça. A reação do governo, tentando apagar a imagem do protesto, só aumentou a frustração da comunidade.

Denúncia na ONU

Silvia Cárdenas, determinada a não ficar em silêncio, uniu-se a outras mães de vítimas da PM para levar um grito de justiça à Organização das Nações Unidas. Em meio à luta, a dor persiste, e a mãe revela quantas vezes revisitou a cena da morte de seu filho: “Eu vi 69 vezes o vídeo em que a Polícia Militar mata meu filho”. As emoções a fazem interromper a gravação, um reflexo do trauma inextinguível que vive.

“Olha como a vida é, eu sou especialista em dor. Eu observo quando o PM Bruno Prado dá um chute na barriga de meu filho e me pergunto: ‘Que dor ele deve ter sentido?’. Isso me faz refletir: ‘Meu Deus, o que está acontecendo no mundo?’

Na noite fatal, Marco voltava de uma festa quando cruzou com uma viatura da PM. Ao tocar o retrovisor e correr, iniciou uma perseguição que terminaria tragicamente no hotel. As câmeras registraram o desespero do jovem, desarmado, diante da força desproporcional da polícia. O momento é um retrato do que muitos jovens, especialmente aqueles de origem humilde, enfrentam nas ruas.

Silvia, de origem peruana, reflete sobre a xenofobia e pressupostos que podem ter influenciado a abordagem policial ao seu filho, destacado por sua aparência: “Eles devem ter pensado que ele era um ‘filho de ninguém’”.

O que diz a PM

Em nota, a Polícia Militar afirmou que não tolera desvios de conduta e divulgou que, desde o início da gestão atual, vários policiais foram responsabilizados por ações inadequadas. Porém, para a família de Marco, essas palavras soam vazias diante da dor e da luta por justiça que continuam a ser enfrentadas diariamente.

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