ESPECIAL MEIO AMBIENTE
O Mercado de Carbono Recupera Ecossistemas e Gera Oportunidades Sustentáveis
05/06/2025 – 5:10 h

Veracel preserva um hectare de mata atlântica para cada eucalipto plantado –
Em meio a um mundo que busca soluções para a transição para economias de baixo carbono, a Bahia surge como referência ao transformar a preservação ambiental em um ativo valioso. O mercado de carbono, agora regulamentado no Brasil, oferece uma maneira eficaz de recompensar aqueles que protegem ou regeneram ecossistemas. Essa dinâmica conecta o compromisso climático a oportunidades robustas de desenvolvimento sustentável.
Enquanto o foco nas discussões globais, como as da COP, se volta predominantemente para a Amazônia, a Mata Atlântica — presente em diversos estados, incluindo a Bahia — pede por reconhecimento. Com grandes áreas degradadas, este bioma pode desempenhar um papel crucial na reconfiguração da lógica econômica tradicional, aliando conservação ambiental à geração de riqueza e inclusão social.
Nesse cenário, brilha o Projeto Muçununga, iniciativa da Veracel Celulose, em parceria com a Biomas, formada por gigantes como Santander, Itaú e Vale. O projeto prevê a restauração de 1.200 hectares de Mata Atlântica no sul da Bahia, utilizando mais de 70 espécies nativas, com o intuito de gerar créditos de carbono valorizados internacionalmente, além de fortalecer a biodiversidade local.
Marcelo Pereira, diretor de Restauração e Carbono da Biomas, revela planos ainda mais ambiciosos: restaurar dois milhões de hectares nos próximos 20 anos. “O investimento inicial será de R$ 55 milhões, e esperamos que o projeto se autofinancie com a venda dos créditos gerados”, afirma ele, destacando a prioridade da Biomas em projetos na Mata Atlântica e na Amazônia.
Os impactos sociais do Muçununga são igualmente significativos. Nos primeiros anos, serão gerados cerca de 80 empregos diretos e oportunidades indiretas, com foco no envolvimento das comunidades locais. “Queremos construir parcerias duradouras com as pessoas do território para que o projeto se torne um orgulho regional”, enfatiza Marcelo. Já 16 comunidades próximas participam ativamente, promovendo um diálogo para identificar iniciativas sociais pertinentes.
Luiz Tápia, diretor de Sustentabilidade da Veracel, ressalta a visão estratégica do projeto. “Estamos destianando áreas para restauração de espécies nativas, reafirmando nosso papel nas soluções baseadas na natureza.” Para Tápia, mais do que um esforço ambiental, representa um passo firme em direção a um modelo de negócios que gera impactos sociais, ambientais e econômicos duradouros.
Além de capturar carbono, o projeto também busca soluções para melhorar a qualidade da água e do solo, criando um ciclo virtuoso de benefícios. A expectativa é que o Muçununga produza aproximadamente 500 mil créditos de carbono em 40 anos, cada um representando uma tonelada de CO? removida da atmosfera.
Com uma combinação de recursos naturais, mão de obra disponível e investimentos privados, a Bahia se posiciona como um líder emergente nessa nova economia verde. O mercado de carbono, além de impactar localmente, traz à luz as oportunidades de uma transformação econômica no Brasil, inserindo o país em um cenário global de soluções sustentáveis.
Por meio do desenvolvimento robusto de cadeias produtivas locais e a conservação da biodiversidade, o mercado de carbono promete financiar a transição para práticas ecológicas. Marcelo lembra que, enquanto o carbono serve como meio de financiamento, o objetivo final é uma regeneração real dos ecossistemas e a melhoria da vida dos que dependem deles.
O setor de base florestal, que já adota práticas sustentáveis, tem um papel vital nesse movimento. Segundo Wilson Andrade, da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal, as árvores sequestram e armazenam carbono, contribuindo significativamente para mitigar a crise climática. “É fundamental que o mercado de carbono beneficie aqueles que preservam e que setores que não conseguem equilibrar suas emissões compensem suas pegadas de carbono”, argumenta Andrade.
Em resumo, a crise climática é um desafio global que demanda respostas rápidas e inovadoras. O mercado de carbono apresenta-se como uma ponte entre a conservação e o capital, e a Bahia, com sua biodiversidade e potencial empresarial, possui a oportunidade de liderar esse novo ciclo de desenvolvimento. O Projeto Muçununga é apenas o início de uma jornada que promete colocar o estado e o Brasil na vanguarda de um modelo econômico regenerativo e resiliente.
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