A verdadeira justiça social visa a equidade e a igualdade de oportunidades para todos, independentemente de origem, raça, gênero ou condição socioeconômica. Em democracias, poucos ousariam se declarar contrários a esse ideal, pois isso poderia custar-lhes o voto.
Entretanto, na prática, as ações de muitos políticos revelam uma disparidade entre discurso e comportamento. Recentemente, o Congresso se manifestou em uma clara defesa dos privilegiados: com 383 votos a favor e 98 contra, a Câmara anulou o decreto de Lula que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Senado, em seguida, confirmou essa decisão de forma simbólica.
Importante destacar que apenas os mais abonados pagam IOF, enquanto os pobres e os remediados estão isentos. No Brasil, os ricos já desfrutam de uma carga tributária bem inferior ao que deveria ser. Essa é a primeira vez desde 1992 que um decreto presidencial é derrubado pelo Congresso, evidenciando um novo cenário de confronto entre os poderes.
O Ministério da Fazenda estimava uma arrecadação de R$ 10 bilhões para este ano e o dobro no ano seguinte com o decreto. Sem ele, o governo se vê na necessidade de congelar gastos em programas sociais que atendem aos mais necessitados.
É quase uma curiosidade: quantos pobres habitam as cadeiras do Parlamento? A verdade é que o Congresso é dominado por ricos e milionários que não desejam pagar impostos, nem para si nem para suas fontes de financiamento. Um reflexo claro do egoísmo humano, muitas vezes encapsulado no ditado “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Este egoísmo encontra um espaço fértil nas leis, que deveriam regular comportamentos. No entanto, os poderosos muitas vezes buscam contorná-las para evitar a governança de um presidente que não elegeram e que temem ver reeleito.
Com uma base de apoio insuficiente no Congresso, Lula enfrenta um cerco cada vez mais constrangedor, mesmo após esforços de conciliação com a direita e a extrema-direita. Os parlamentares parecem querer exercer o governo à sua maneira, mas sem arcar com as responsabilidades que isso implica, transformando a estrutura do poder em algo progressivamente menos presidencialista.
Neste contexto, os interesses dos parlamentares parecem priorizar o aumento de seus próprios ganhos, colocando em segundo plano a real necessidade do país e de seu povo.
Comentários Facebook