Na última quinta-feira (26), o real consolidou seu lugar como a moeda de melhor desempenho entre as mais líquidas, tanto em mercados desenvolvidos quanto emergentes. Encerrando o pregão a R$ 5,4986, o dólar ultrapassou a barreira de R$ 5,50, refletindo uma desvalorização acumulada de 3,86% em junho e 11,03% no ano.

Esse movimento de queda da moeda americana se deu em resposta a um clima favorável nos mercados e a expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Com o IPCA-15 de junho mostrando um arrefecimento da inflação, o Banco Central brasileiro reafirmou seu compromisso com a meta de inflação em seu Relatório de Política Monetária (RPM).

As perspectivas para as eleições presidenciais de 2026 também aquecem o mercado. A derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso indicou um possível enfraquecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aumentando as chances de um candidato mais à direita assumir uma postura fiscal mais austera.

Ibovespa em alta

O Ibovespa teve um desempenho favorável, alcançando 137.113,89 pontos, uma recuperação em relação à recente perda. Oscilando entre mínimas e máximas de 135.755,55 e 137.352,98 pontos, o índice mostrou-se resiliente em junho, mantendo-se na faixa entre 135 e 137 mil pontos. Embora tenha registrado uma máxima histórica de 140 mil pontos em 20 de maio, os investidores esperam novos catalisadores para impulsionar esse movimento.

Nesta quinta-feira, as blue chips tiveram um desempenho notável, com a Vale ON à frente, avançando 3,01%. Apesar de uma leve queda nas ações do Itaú PN, as principais instituições financeiras tiveram ganhos, com destaque para o Banco do Brasil ON, que cresceu 1,60%.

Desafios com o IOF

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, anunciou a necessidade de uma solução para a derrubada do decreto do IOF até o próximo relatório bimestral em 22 de julho. Ele alertou sobre a possibilidade de contenção orçamentária mais severa, caso novas fontes de receita não sejam encontradas. O impacto estimado da decisão do Congresso sobre o aumento do IOF é de R$ 12 bilhões, o que pode agravar ainda mais as dívidas fiscais do governo.

A ministra Gleisi Hoffmann reforçou a gravidade da situação, mencionando a necessidade de aumentar os bloqueios orçamentários. Com a inflação em baixa e os juros em um cenário de estabilidade, o Brasil se prepara para um futuro político e econômico incerto, que pode moldar as direções do mercado nos próximos meses.