O Rio de Janeiro se prepara para sediar, nos dias 6 e 7 de julho, uma cúpula crucial de chefes de Estado do Brics. Sob a sombra de conflitos globais, a reunião tem o objetivo de abordar importantes questões como a reforma de organismos internacionais e as tensões no Oriente Médio e na Ucrânia. No entanto, o evento será marcado pela ausência de figuras chave, como Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia, levando a um cenário de uncertainties e desafios.
Xi Jinping, alegando problemas de agenda, será substituído pelo primeiro-ministro Li Qiang, enquanto Putin, sob um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional, enviará o chanceler Sergey Lavrov, com expectativa de participação virtual. Esta é a primeira vez que a liderança chinesa não comparecerá à cúpula, suscitando questionamentos sobre a dinâmica do grupo. O Irã, envolvido em um recente conflito com Israel, poderá enviar seu presidente, Masoud Pezeshkian, mas a confirmação de líderes de outros países, como Egito e Emirados Árabes, permanece em aberto.
Cúpula do Brics
- O encontro será realizado no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.
- O bloco conta com Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
- A presidência brasileira definiu seis prioridades, incluindo saúde global, comércio, mudança climática e governança da inteligência artificial.
- Especialistas indicam que divergências em torno da reforma do Conselho de Segurança da ONU poderão dificultar a elaboração de uma declaração conjunta.
Reforma da ONU
Recentemente, uma reunião de chanceleres do Brics resultou em impasses e falta de consenso sobre a reforma da ONU. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a inclusão de países do Sul Global no Conselho de Segurança, mas Rússia e China, membros permanentes com poder de veto, resistem à ideia. Segundo Ariane Roder, especialista em relações internacionais, essa resistência se deve à preocupação em reconfigurar a atual arquitetura de poder.
Além disso, o cenário africano também traz suas complexidades. Há disputas internas, como a candidaturas de egípcios e sul-africanos para representar o continente, o que complica ainda mais o debate sobre a reforma.
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VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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Ricardo Stuckert/PR
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Ricardo Stuckert/Presidência da República
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Lula encontra o presidente da Rússia, Vladimir Putin
Ricardo Stuckert / PR
Guerras
Os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia trazem à tona questões de grande importância na cúpula, especialmente pela participação de membros do Brics. A recente escalada de hostilidades entre Irã e Israel, e a resposta dos Estados Unidos, aumentam a ansiedade sobre a possibilidade de um conflito global. O Brics já se manifestou, condenando os ataques e expressando preocupação com as tensões, embora tenha conseguido uma pausa temporária através de um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos.
No entanto, especialistas indicam que a unidade do bloco pode ser desafiada pelas diferentes posturas dos seus membros. A Rússia se apresenta como vítima da expansão da OTAN, enquanto China e Índia adotam posições mais neutras. A busca do Brasil e da África do Sul por uma terceira via à frente de questões geopolíticas também pode criar diferentes dinâmicas nas discussões.
Em relação ao Irã, Evandro Carvalho, professor de direito, observa que há sinais de convergência no governo brasileiro em relação aos ataques dos Estados Unidos e Israel, mas a obtenção de um consenso entre todos os membros pode ser complexa, dadas as aspirações variadas.
Desdolarização
Outro tema premente é a desdolarização, que visa diminuir a dependência da moeda americana nas transações comerciais. China e Rússia tomaram a dianteira nesse esforço, principalmente em resposta a sanções. Contudo, Brasil, Índia e África do Sul mostram-se mais cautelosos devido aos seus laços diplomáticos com os EUA, o que poderia provocar tensões.
Evandro Carvalho ressalta que, para evitar conflitos diplomáticos, é provável que os países do Brics evitem declarações mais contundentes que possam confrontar diretamente os interesses americanos. A negociação na cúpula será, portanto, fundamental para encontrar um caminho que atenda os interesses de todos.
Agora, queremos saber a sua opinião! O que você acha que pode sair dessa cúpula? Deixe seus comentários e compartilhe suas ideias sobre os desdobramentos das discussões entre os membros do Brics.
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