Neste domingo (8/6) e na segunda-feira (9/6), os italianos foram chamados a decidir em um referendo crucial: a proposta visa facilitar a aquisição da cidadania italiana, enquanto também questiona a revogação de leis que flexibilizam o mercado de trabalho. O governo, preocupado com os desdobramentos dessa votação, pede que os cidadãos se abstenham de participar, buscando invalidar o resultado.
Atualmente, um residente de fora da União Europeia que não possui vínculos familiares com cidadãos italianos precisa residir na Itália por 10 anos antes de solicitar a naturalização. A proposta do referendo sugere a redução deste período para 5 anos, alinhando a Itália com práticas de países como Alemanha e França. Defensores do “sim” afirmam que essa mudança poderia beneficiar até 2,5 milhões de pessoas, especialmente com o apoio do Partido Democrático (PD), a principal força de oposição.
A iniciativa para o referendo, criada por partidos de oposição e ONGs, coletou mais de 500 mil assinaturas para ser validada. Contrapõe-se a essa proposta a primeira-ministra Giorgia Meloni, do partido de extrema direita Fratelli d’Italia (FDI), que chegou ao poder em 2022 com um forte discurso anti-imigração. Meloni criticou a medida, chamando a atual lei de nacionalidade de “excelente” e “aberta”, instando seus eleitores a não participarem da consulta, uma vez que a aprovação requer que mais de 50% do eleitorado compareça às urnas.
“Somos uma das nações europeias com o maior número de naturalizações”, reiterou Meloni em uma declaração.
Em 2023, Roma concedeu cidadania a 213.500 pessoas, representando um quinto de todas as naturalizações na União Europeia. Recentemente, o governo impôs restrições, permitindo apenas que estrangeiros com avós ou pais italianos pleiteiem a cidadania, quando anteriormente era possível rastrear a ascendência até os tataravós. Mesmo que a proposta do “sim” vença, as regras que impedem que crianças nascidas na Itália de pais estrangeiros solicitem cidadania até completarem 18 anos permanecerão inalteradas.
Além da cidadania, o referendo também abrange a proposta de abolir quatro leis de liberalização do mercado de trabalho, uma iniciativa defendida pelo sindicato CGIL, a principal confederação sindical do país. O sindicato argumenta que o objetivo é restaurar proteções contra contratos precários e demissões, priorizando os direitos trabalhistas em detrimento dos interesses empresariais. Maurizio Landini, secretário-geral da CGIL, destacou a necessidade de reverter essa cultura.
Apesar de algumas das medidas mencionadas terem sido anteriormente adotadas pelo PD, que atualmente detém apenas 23% nas pesquisas, o partido busca reconquistar o apoio da classe trabalhadora, especialmente em um cenário onde Meloni se mantém em torno de 30%, estável nas intenções de voto.
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