Os jornalistas que apoiam Lula estão em alerta. O presidente parece resistir em aceitar a realidade que o cerca e, por isso, não compreende a queda drástica em sua aprovação. Ele está convencido de que seu carisma populista mantém o mesmo apelo de duas décadas atrás, sem perceber que as redes sociais, hoje, superam os comícios tradicionais na conexão com o povo.
É natural que a idade traga uma certa dificuldade em lidar com as mudanças do mundo, mas o que realmente pesa é o apego a uma autoimagem congelada no tempo em que ele estava no auge. Essa negação das novas condições de realidade pode, portanto, soar como alienação.
Não estou aqui para afirmar que Lula está louco — talvez a verdadeira loucura resida em um eleitor que se deixa levar facilmente pelo primeiro que aparece. Contudo, lembrar de si mesmo maior do que realmente é e viver à sombra de um passado glorioso é algo que nos faz lembrar do “biruta” que se acredita ser Napoleão Bonaparte.
Curiosamente, Napoleão também questionou sua grandeza em sua última fase. Stendhal, um dos primeiros biógrafos do imperador, relata que, durante uma visita a Napoleão no exílio em Elba, um admirador ficou perplexo ao ver sua serenidade diante da mudança em seu destino. Ao ser questionado sobre isso, Napoleão respondeu:
“É porque todo mundo ficou, acho, mais surpreso do que eu. Não tenho uma boa opinião sobre os homens e sempre desconfiei da sorte; além disso, gostei pouco do poder; meus irmãos foram muito mais reis do que eu. Eles tiveram os prazeres da realeza, eu não tive nada além dos deveres.” Essa reflexão demonstra que, mesmo os maiores, podem duvidar de suas próprias grandezas.
Ainda assim, ele buscou retornar ao poder, cometendo erros semelhantes que, segundo Stendhal, foram mais fatais que a própria batalha de Waterloo. Isso nos ensina uma lição valiosa: não importa quanto tenhamos consciência de nós mesmos e do mundo ao nosso redor, nossas reprises tendem a ser desastrosas.
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