A guerra pelo controle do tráfico de drogas no Brasil ultrapassou os limites das ruas, criando um novo e inquietante cenário nas redes sociais. Facções criminosas como o Comando Vermelho (CV), o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) estão cada vez mais ativas nas plataformas digitais, utilizadas para atrair crianças e adolescentes, transformando-os em “narco babys”.
Essas organizações exploram a vulnerabilidade dos jovens em busca de aceitação e pertencimento, utilizando algoritmos para maximizar seu alcance. A cooptação de menores se torna uma estratégia eficiente: eles são vistos como populosos recrutadores, com penas mais brandas devido ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tornando-os “descartáveis” em situações de apreensão.
Adolescentes assumem papéis variados dentro da hierarquia do tráfico, como:
- Olheiros: Monitoram movimentações policiais e rivalidades, alertando sobre perigos iminentes.
- Vapores: Vendem drogas diretamente nas ruas, a face mais exposta do esquema.
- Soldados: Em determinadas situações, participam de confrontos armados por territórios.
A aliciação começa precocemente, com relatos de crianças de apenas 13 anos. A falta de oportunidades, a escassez de educação de qualidade e a busca por complementar a renda familiar fazem com que esses jovens sejam alvos fáceis para as promessas de dinheiro e status que o crime oferece.
Redes sociais e cultura de ostentação
As facções utilizam as redes sociais como vitrines sedutoras de um estilo de vida glamourizado:
- Ostentação: Perfis em Instagram e TikTok exibem armas, maços de dinheiro e festas regadas a drogas, criando uma “narcocultura” atrativa.
- Música: Gêneros como funk e trap, frequentemente apoiados por facções, glorificam a vida no crime e a lealdade à facção, servindo como ferramentas de recrutamento.
- Plataformas criptografadas: Utilizadas para organizar ações criminosas e promover competições que incentivam a violência.
- Grooming: Criminosos desenvolvem laços de confiança com menores online, manipulando-os para o mundo do crime.
Um estudo da ONU em 2022 destacou como as redes sociais são exploradas pelo crime organizado, facilitando suas operações. A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) tem trabalhado ativamente para desmantelar essa dinâmica, investigando casos emblemáticos, como o do funkeiro MC Poze do Rodo, acusado de apologia ao crime.
Poze realizava shows em áreas dominadas pelo CV, cercado por traficantes armados. As investigações constatam que seu repertório glorificava o tráfico e a utilização de armas, apresentando-o como um instrumento para captar menores.
As investigações apontaram que o repertório de suas músicas fazia “clara apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incitava confrontos armados entre facções rivais”.
Em resposta à glamorização da vida criminosa, a PCERJ busca não apenas desmantelar operações, mas também desbravar a narrativa imposta pelas facções, oferecendo alternativas e conscientização aos jovens.
O que você acha dessa situação alarmante? Como podemos agir para proteger nossas crianças e adolescentes? Compartilhe suas opiniões nos comentários!
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