Jovem Pan > Notícias > Economia > No lançamento do Agora Tem Especialista, Haddad admite que orçamento não acompanha tamanho do SUS
O Ministério da Fazenda revelou que mais de 3.500 entidades privadas acumulam R$ 34 bilhões em dívidas com a União. A proposta visa permitir que estas instituições possam abater os débitos ao oferecer consultas, exames e cirurgias ao SUS.
- Por Uanabia Mariano
- 24/06/2025 19h07 – Atualizado em 24/06/2025 19h10
Rafael Nascimento/MS

Fernando Haddad e Alexandre Padilha durante coletiva de imprensa do programa Agora Tem Especialistas
Neste 24 de junho de 2025, no lançamento do programa Agora Tem Especialista, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma declaração impactante: apesar de contar com um Sistema Único de Saúde (SUS) universal, o Brasil enfrenta sérias limitações orçamentárias. Em colaboração com o Ministério da Saúde, esta nova iniciativa permitirá a hospitais privados e filantrópicos quitarem parte de suas dívidas com o governo oferecendo atendimentos especializados aos usuários do SUS.
O objetivo é claro: ampliar o acesso a consultas, exames e cirurgias, ao mesmo tempo que se busca diminuir as filas de espera. Haddad enfatizou que esse projeto é uma resposta ao histórico subfinanciamento da saúde pública no Brasil. “Nosso sistema é universal, mas carece de um orçamento compatível”, reconheceu, destacando que a proposta é uma solução viável em tempos de restrições fiscais.
Dívidas acumuladas e funcionamento do programa
De acordo com o Ministério da Fazenda, as dívidas acumuladas pelas mais de 3.500 entidades privadas, especialmente na região Sudeste, totalizam cerca de R$ 34 bilhões. Com o novo programa, os hospitais poderão trocar atendimentos prestados por créditos que serão utilizados para quitar suas obrigações financeiras. Haddad referiu-se a esta abordagem como uma combinação de programas já existentes: “É um misto de Prouni com Desenrola”, mencionando a iniciativa de renegociação de dívidas para pessoas físicas.
Critérios e regras para adesão
Para participar do Agora Tem Especialista, os hospitais precisam:
- Possuir uma transação tributária ativa com o Ministério da Fazenda;
- Ser credenciados e habilitados pela Anvisa;
- Comprovar capacidade técnica e estrutural para realizar os procedimentos;
- Oferecer no mínimo R$ 100 mil por mês em serviços (ou R$ 50 mil em regiões com menos instituições).
Proporção de abatimento da dívida
- Dívidas acima de R$ 10 milhões: até 30% abatido;
- Dívidas entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões: até 40%;
- Dívidas inferiores a R$ 5 milhões: até 50% do valor.
Próximos passos
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que uma portaria será publicada no Diário Oficial da União, iniciando a fase de propostas. Os hospitais interessados terão cinco dias úteis para apresentar seus planos de serviços. A expectativa é formalizar os primeiros contratos até agosto, com os atendimentos iniciando logo em seguida. Essa nova política ressalta a importância do setor privado no suporte ao SUS, especialmente em um momento em que o Brasil ainda enfrenta os desdobramentos da pandemia e desafios históricos na saúde pública.
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