O que dizem os laranjas de grileiros em fraude de documentos no Incra

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Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou uma trama alarmante de grilagem de terras públicas no Pará, onde um grupo criminoso explorava a boa-fé de pessoas que se tornaram “laranjas inconscientes”. Esses indivíduos, alheios ao que acontecia, tiveram seus dados utilizados para fraudar processos no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), sem qualquer consentimento ou conhecimento prévio.

Durante a operação, a PF identificou pelo menos 17 vítimas e, ao entrar em contato, encontrou um padrão de resposta. Três delas confirmaram a falta de conhecimento sobre as propriedades atribuídas a seus nomes e relataram não conhecer os investigados. Entre elas, um homem de 43 anos afirmou, em tom de ironia: “Não tenho nem rede para deitar, como é que vou ter terra?” e declarou não saber onde ficava a Gleba Belo Monte, a área supostamente de sua posse.

Outro contato foi o irmão de um idoso de 85 anos, que se disse completamente surpreso. “Meu irmão é aposentado e não sabe nem o que é propriedade rural. Isso não tem a mínima possibilidade. Zero,” afirmou, negando qualquer conexão com a fraude e destacando a distância de sua casa em Santarém do local mencionado. Em uma história semelhante, o filho de uma mulher que também teria sido usada como laranja expressou sua incredulidade, afirmando que a mãe nunca saiu do lugar onde moram e teve uma vida tranquila ao lado da família.

Essas reações, corroboradas pela investigação da PF, demonstram que as vítimas realmente não tinham conhecimento do uso indevido de seus nomes, evidenciando a audácia e a complexidade da operação dos grileiros. Esta atividade criminosa vai além da mera fraude; ela se infiltra na legalidade aparente de terras públicas, preparando o cenário para todo um esquema de apropriação.

O modus operandi dos criminosos era meticuloso, incluindo não apenas fraudes nos registros do Incra, mas também a falsificação de documentos, criação de escrituras públicas fraudulentas e a simulação de transações imobiliárias. Em uma fase mais avançada, eles obtinham lucros robustos, seja através da venda das terras griladas ou obtendo financiamentos rurais lastreados em propriedades adquiridas de forma ilícita.

A operação, nomeada Imperium Fictum, iniciou suas atividades em 2023, revelando a magnitude do problema e resultando na implementação de 39 mandados de busca e apreensão e 9 de prisão preventiva. Com um impacto que se estendeu por sete estados e pelo Distrito Federal, a PF também conseguiu bloquear R$ 608 milhões dos investigados, demonstrando a seriedade e a eficiência do combate a esse tipo de crime.

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