O Pix Automático teve sua estreia em 16 de junho e promete transformar a forma como os pagamentos recorrentes são realizados, como mensalidades e assinaturas, diretamente pelo aplicativo bancário. Contudo, a chegada dessa ferramenta também traz possíveis desafios operacionais, de comunicação e gestão para as empresas.
Daniel Feitosa Naruto, especialista em direito empresarial, aponta que as dificuldades para as empresas podem surgir na adaptação dos sistemas de cobrança, na alteração dos fluxos de recebimento e na gestão das autorizações dos clientes. “As empresas precisarão se preparar adequadamente para essa nova realidade”, alerta.
Leonardo Werlang, especialista em Direito do Consumidor, complementa que, por ser uma tecnologia recente, o Pix Automático pode gerar dificuldades na comunicação entre sistemas internos e a interação com os consumidores. Ele enfatiza a importância de fornecer informações claras sobre a nova ferramenta, tanto nos aplicativos quanto em canais de atendimento, para prevenir fraudes financeiras. “A clareza na informação é vital, especialmente em um setor tão suscetível a golpes”, ressalta.
Quanto à segurança, Feitosa enfatiza que o Pix Automático mantém os altos padrões de segurança já existentes, como autenticação e criptografia. Contudo, ele alerta para a necessidade de cautela com fraudes de engenharia social durante a adesão. Além disso, apenas empresas com pelo menos 6 meses de CNPJ poderão se cadastrar como recebedoras, uma medida que busca aumentar a confiabilidade da ferramenta.
A adaptação ao Pix Automático também pode intensificar a concorrência, especialmente entre fintechs, que tendem a ajustar seus serviços com mais agilidade. “Isso pode oferecer vantagens competitivas para pequenos negócios, reduzindo sua dependência de intermediários”, afirma Naruto. No entanto, Leonardo Werlang destaca que os custos de operação podem representar um desafio, já que as taxas cobradas pelos bancos para pessoas jurídicas ainda precisam ser ajustadas.
Apesar dos desafios, os benefícios do Pix Automático são significativos. Especialistas identificaram vantagens como a redução da inadimplência, a diminuição de boletos fraudulentos e o corte de custos operacionais, além de facilitar o acesso à ferramenta para aqueles sem cartão de crédito. Em um evento de lançamento, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que mais de 60 milhões de pessoas que não possuem cartão de crédito poderão se beneficiar com essa nova funcionalidade.
Para utilizar o Pix Automático, os pagadores devem acessar o aplicativo do seu banco e verificar a possibilidade de autorizar uma operação única que prometa agendar despesas periódicas. A autorização deve incluir valor, periodicidade e um prazo preestabelecido.
Os números não mentem: atualmente, são mais de 175 milhões de usuários cadastrados no Pix, com quase 855 milhões de chaves ativas — a grande maioria pertencente a pessoas físicas. No último mês de maio, contabilizou-se 6,6 milhões de transações realizadas através da plataforma.
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