Na tranquilidade das noites silenciosas, muitos se deparam com experiências intensas que os fazem questionar: seriam esses sonhos e visões mensagens divinas ou meras projeções do subconsciente? Na perspectiva cristã, a Bíblia oferece uma rica tapeçaria de relatos onde sonhos e visões são canais legítimos de comunicação com Deus. Desde os tempos do Antigo Testamento, figuras notáveis como Abraão, Jacó e Daniel foram guiados por insights que se desdobravam enquanto dormiam, desafiando os limites da realidade.
No Novo Testamento, encontramos exemplos como o de Ananias, que recebeu instruções em uma visão antes de se encontrar com Paulo, e Cornélio, avisado em sonho sobre Pedro. Essas manifestações eram componentes essenciais do plano redentor divino, e não simples devaneios. O pastor e teólogo Augustus Nicodemus Lopes destaca que discernir esse fenômeno exige um olhar crítico: “Não há na Bíblia garantias de que intuições ou premonições venham de Deus”, afirma, sublinhando a necessidade de fundamentação na fé.
Segundo ele, a verdadeira compreensão da vontade divina não se baseia em sonhos isolados, mas sim no entendimento dos princípios bíblicos e no uso do bom senso. “Escute os conselhos, e aguarde a providência de Deus”, orienta. Mesmo revelações pessoais impactantes, como a de uma mulher que sonhou com a morte do marido, não devem ser elevadas a doutrinas universais, pois sua aplicação pertence ao relacionamento particular entre o indivísivel e o divino.
Nicodemus observa que a linha entre emoção e espiritualidade é tênue. Muitas vezes, o que parece ser uma revelação pode ser apenas um eco dos sentimentos humanos. Ele menciona o caso de Atos 16, onde uma jovem adivinhadora proclamava verdades sobre Paulo e Silas, mas estava sob influência maligna. A advertência é clara: nem toda experiência espiritual é genuína. No seio da igreja, isso é igualmente relevante, como quando alguém clama ter recebido uma profecia contrária aos ensinamentos bíblicos.
Apesar das cautelas, Nicodemus reconhece o potencial transformador dos sonhos, contanto que estejam alinhados com as Escrituras. Ele compartilha a história de William Booth, fundador do Exército da Salvação, cuja visão de ajudar os marginalizados deu origem a um movimento global. “Um homem decidiu não guardar seus sonhos”, destaca. E é nesse espírito que o pastor resume suas orientações em três verbos: discernir, esperar e obedecer. Os sonhos devem ser avaliados com seriedade, sem desdém, mas sempre em consonância com a palavra de Deus, que permanece como nossa revelação última e segura.
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