A Justiça paulista tomou uma decisão significativa que envolve a preservação das imagens captadas pelas câmeras de vigilância ao redor da Cracolândia, localizada no centro de São Paulo. Essa determinação se aplica ao período entre 1° e 14 de maio, anteriormente ao esvaziamento da região. A solicitação partiu do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Defensoria Pública, com o intuito de investigar “possíveis violações de direitos no processo de esvaziamento”.
No contexto do relatório, enfatiza-se a presença de diversas pessoas, incluindo crianças e adolescentes, que frequentavam e habitavam a área, ressaltando a necessidade de entender os atendimentos e encaminhamentos realizados. Os documentos legais destacam o trecho que compreende entre a Rua dos Protestantes e a Rua dos Gusmões.
A Prefeitura de São Paulo, ainda aguardando retorno, tem o espaço aberto para manifestações públicas. As informações que surgem desse processo têm o potencial de lançar luz sobre uma situação complexa e delicada.
Agressões da GCM
Imagens de segurança revelaram cenas preocupantes: agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) agredindo usuários de drogas nos dias que antecederam o esvaziamento da Cracolândia, especificamente entre 10 e 12 de maio. As gravações mostram ações brutais, incluindo chutes e uso de spray de pimenta contra os afetados.
Em resposta a essas denúncias, a Prefeitura defendeu a atuação da GCM como essencial para a proteção da população e o combate à criminalidade, declarando que desde 2021 a gestão vem desenvolvendo um trabalho contínuo para fornecer tratamento em saúde e assistência social a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Diáspora da Cracolândia
Na manhã do dia 13 de maio, a variedade de usuários na Rua dos Protestantes deu lugar ao vazio. No entanto, um levantamento revelou que o fluxo de pessoas se dispersou pela cidade, recriando padrões de concentração vistos anteriormente em diferentes locais durante os mais de 30 anos de existência da Cracolândia.
Comerciantes próximos à Favela do Gato, no Bom Retiro, relataram um aumento anormal de pessoas em situação de rua. À noite, pequenos grupos de usuários se estabeleciam, especialmente em praças ao redor da Avenida do Estado, onde cerca de 60 usuários foram identificados. Estimativas indicam que esse número poderia chegar a 500 durante a madrugada, semelhante ao que se observava na Rua dos Protestantes antes da dispersão.
Visitas subsequentes à Rua Helvétia revelaram uma continuidade do fluxo, com usuários se agrupando em partes mais escuras da calçada. O movimento frenético de dependentes químicos pelo centro demonstrou que, apesar do esvaziamento de um espaço, o problema se espalha rapidamente, reconfigurando-se em novos centros de aglomeração.
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