Três boas notícias sobre avanços no tratamento do câncer de mama

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O câncer de mama, uma das principais preocupações em saúde no Brasil e no mundo, representa uma luta constante. Com mais de 2,3 milhões de novos casos diagnosticados globalmente a cada ano, os dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam que mais de 73 mil mulheres receberão essa notícia em 2025. Apesar dos progressos nos tratamentos, cerca de 15 mil vidas se perdem anualmente em decorrência dessa doença.

Hoje, o tratamento do câncer de mama é dividido em três pilares fundamentais: a cirurgia, que ainda é crucial para a cura na maioria dos casos; a radioterapia, que é usada em cerca de 60% dos tratamentos como um complemento; e as terapias sistêmicas, que incluem medicamentos que aumentam as chances de recuperação.

“Conforme entendemos melhor as características do câncer de mama, conseguimos desenvolver tratamentos específicos para cada subtipo. Isso resulta em uma taxa de cura significativamente mais alta”, afirma o oncologista Rafael Kaliks, especialista da área.

Os tumores têm três subgrupos principais: com receptores hormonais positivos (ER+), HER2 positivos e os triplo negativos, que apresentam células cancerígenas sem esses receptores. Nos estágios avançados da doença, quando o câncer se espalha, as alternativas de cura diminuem. Recentemente, na 2023 American Society of Clinical Oncology (ASCO), foram apresentadas inovações promissoras que podem alterar esse cenário, reunindo 45 mil especialistas em Chicago.

Dentre as inovações destacadas estão estratégias individualizadas, que utilizam testes de sangue e novas moléculas, proporcionando não apenas maior controle da doença, mas também reduzindo os efeitos colaterais e antecipando decisões terapêuticas. A seguir, veja três avanços que merecem destaque:

1. Tratamento precoce guiado por biópsia líquida

Um estudo inovador, o Serena-6, testou a eficácia de trocar o tratamento antes que o câncer se manifestasse de forma evidente. Mulheres com câncer de mama metastático do tipo ER+ e HER2 negativo foram monitoradas com biópsia líquida, um exame de sangue capaz de detectar mutações no gene ESR1 que indicam resistência ao tratamento hormonal.

Em vez de esperar pela progressão da doença, as pacientes tiveram suas mutações avaliadas a cada dois a três meses. Quando a mutação era detectada, metade delas mudava de medicação para um tratamento que combinava o camizestranto com um inibidor de ciclina, enquanto as demais continuavam com o tratamento tradicional. O resultado foi promissor: a nova abordagem manteve a doença sob controle por 16 meses, comparado a 9,2 meses no grupo tradicional.

2. Nova droga oral contra resistência hormonal

Outro estudo focou na mutação do gene ESR1, testando uma nova droga, o vepdegestrant, que age destruindo o receptor de estrogênio na célula, diferentemente das atuais que apenas o bloqueiam. Os resultados mostraram que os pacientes que usaram a nova medicação conseguiram controlar a doença em média por cinco meses, superando os 2,1 meses do tratamento tradicional.

3. “Drogas inteligentes” na primeira linha de tratamento

Para o câncer de mama HER2 positivo metastático, uma estratégia inovadora se destacou: os anticorpos droga-conjugados (ADCs), que dirigem a quimioterapia diretamente às células cancerígenas, poupando os tecidos saudáveis. Um estudo liderado pelo Dana-Farber Cancer Institute demonstrou que essa abordagem, aplicada desde o início do tratamento, reduziu o risco de progressão da doença em 44% em comparação ao tratamento padrão, com um controle da doença que durou em média 40 meses.

“O trastuzumabe deruxtecano representa um avanço significativo em relação aos tratamentos anteriores e, em breve, deverá ser incorporado nas diretrizes de tratamento,” ressalta Kaliks. “É crucial monitorar a tolerância das pacientes a essa nova terapia ao longo do tempo.”

Apesar do panorama positivo, desafios persistem no acesso aos tratamentos no Brasil. Muitas inovações levam tempo para serem integradas ao sistema de saúde. Medicamentos como o trastuzumabe deruxtecano, embora já aprovados, ainda demoram para ser disponibilizados ao público.

Cerca de 70% dos pacientes dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento. Mesmo com planos de saúde, muitas vezes não há garantias de cobertura para terapias de alto custo, que podem alcançar cifras expressivas. “Hoje, entre 50% e 60% dos casos de câncer de mama são curados. Com acesso adequado a diagnóstico e tratamento, esse número poderia facilmente ultrapassar 80%”, analisa Kaliks.

Em meio a esses desafios, o campo da oncologia vive um momento de esperança. As novas descobertas não só ampliam o tempo de controle da doença, mas também abrem portas para curas que antes pareciam impossíveis. Com tratamentos menos invasivos e protocolos mais eficazes, os pacientes podem esperar resultados cada vez melhores, transformando a experiência de viver com câncer de mama.

“Estamos caminhando para um futuro onde o câncer de mama será cada vez mais curável, trazendo esperança para pacientes em estágios avançados”, conclui Kaliks.

Se você tem algo a compartilhar sobre esses avanços ou experiências a contar, não hesite em comentar! Sua voz é importante.

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