Faltava Tarcísio prometer indultar a pena de Bolsonaro. Já não falta

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O termo “apito de cachorro” pode evocar imagens distintas: por um lado, um apito ultrassônico que adestra cães, e por outro, uma mensagem política velada, conhecida como “dog whistle”. No primeiro caso, o som emitido é inaudível para humanos, mas bastante eficaz para atrair a atenção dos animais. No segundo, a comunicação codificada utiliza uma linguagem que oferece um duplo sentido, permitindo que certas mensagens sejam enviadas a um público específico sem provocar rejeição em massa.

Recentemente, esse “dog whistle” ressoou, mobilizando políticos e empresários em torno da ideia de que os candidatos de direita devem prometer anistiar os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Bolsonaro. Apesar do projeto de anistia estar parado no Congresso, não se deve subestimar a possibilidade de essa agenda avançar, especialmente se houver um desejo coletivo de desafiar as decisões da Justiça que tornaram Bolsonaro inelegível até 2030.

No entanto, a tendência é que esses grupos hesitem em provocar um confronto direto, pois suas conexões permanecem atadas ao Supremo Tribunal Federal, que investiga a falta de transparência em relação às emendas parlamentares ao Orçamento. Curiosamente, o suporte a Bolsonaro parece ter se esvaído. O que realmente importa para políticos e empresários é garantir que ele se mantenha como um apoiador estratégico para um candidato que apreciem.

Inúmeros aspirantes à presidência, como Romeu Zema de Minas Gerais e Ronaldo Caiado de Goiás, já manifestaram seu compromisso com o indulto a Bolsonaro. Contudo, tudo aponta para Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo e considerado o mais forte entre os candidatos de direita, como o que faltava nessa equação. Segundo a jornalista Rachel Landim, Tarcísio já tem discutido, em reuniões privadas, a possibilidade de anistiar Bolsonaro caso seja eleito presidente.

Para Tarcísio, conceder o indulto a Bolsonaro seria um investimento “barato” para a tão desejada “pacificação” do país, ainda que isso signifique que o ex-presidente permaneceria inelegível até 2030. Assim, Bolsonaro poderia concorrer a cargos, exceto ao da presidência. Tarcísio, se bem-sucedido, vislumbra uma reeleição, embora ainda não tenha se manifestado abertamente sobre suas intenções.

Vale lembrar que, em maio de 2022, Tarcísio já havia defendido publicamente o indulto concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira, que enfrentava condenação no Supremo. Sua eleição para o governo paulista deve muito ao apoio do ex-presidente, e um indulto poderia, portanto, ser interpretado como um acerto de contas. Diante de tudo isso, está na hora de Tarcísio compartilhar sua posição com o eleitorado, revelando o que tem discutido em círculos restritos.

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