Compra de votos por R$ 100 expõe elo entre ex-diretora de presídio, facção criminosa e políticos na Bahia

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Esquema envolvia aliciamento de presos e familiares, apoio a candidaturas e facilitação de fuga em massa; ex-diretora está presa com filho recém-nascido.

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Uma investigação do Ministério Público da Bahia (MP-BA) desvendou um esquema macabro que interligava a ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, com a facção criminosa e políticos locais, como o ex-deputado Uldurico Jr. (MDB) e o candidato a vereador Cley da Autoescola (PSD). Em troca de R$ 100, votos eram comprados entre detentos e seus familiares, revelando uma rede de corrupção dentro do sistema penitenciário.

Desde janeiro, Joneuma está detida sob a acusação de facilitar a fuga de 16 presos. As apurações revelaram que, além de um relacionamento amoroso com o foragido Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá”, ela se integrou a uma facção criminosa com forte influência no estado. O objetivo principal era garantir apoio político que assegurasse sua permanência no cargo.

O enredo se complica com encontros clandestinos e estratégias para manipular as eleições. Joneuma servia como intermediária entre Dadá e Uldurico Jr., organizando reuniões secretas que evitavam registros formais.


Em troca de “eleitores cativos” – presos provisórios e suas famílias – Joneuma prometia apoio eleitoral nas eleições, numa trama que envolvia a entrega de R$ 100 por voto. O volume de dinheiro gerado pelo esquema era calculado em até R$ 1,5 milhão, um valor que a defesa de Joneuma nega.

Para manter o controle sobre a unidade, ela também manobrou as contratações de funcionários. Quem não seguia suas ordens era afastado, enquanto aliados, incluindo sua irmã, eram promovidos para cargos que garantiam proteção à facção. Dentistas, psicólogos e advogados se tornavam cúmplices, manipulando decisões que beneficiavam certos presos.

As regalias eram variadas: visitas sem inspeção, entrada de eletrodomésticos, além de alimentos especiais. Joneuma e Dadá mantinham um relacionamento íntimo, alegadamente dentro da sala de videoconferência.

Em novembro de 2024, a situação culminou em uma audaciosa fuga em massa: 16 presos aliados de Dadá escaparam após abrir um buraco no teto, utilizando uma furadeira que teria sido escondida na sala da diretora. O plano envolvia automóveis de fuga e armamento pesado, com os foragidos sendo localizados posteriormente na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.

Joneuma, atualmente presente na cela, foi arrestada enquanto grávida e está detida no Conjunto Penal de Itabuna com seu filho recém-nascido. A sua família denuncia a falta de condições adequadas para o bebê. Recentemente, ela entrou com um pedido de pensão contra Uldurico Jr., alegando que ele é o pai, enquanto o ex-deputado aguarda resultados de um teste de DNA para confirmar ou não a paternidade.

A situação gerou reações. A Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia (Seap) garantiu que está colaborando com as investigações. Após um atentado contra o novo diretor, Jorge Magno Alves, as forças de segurança nacional agora atuam no presídio, visando controlar a situação.

Além de Joneuma, o ex-coordenador de segurança Wellington Oliveira Sousa e outros 16 indivíduos foram denunciados pelo MP-BA por suas implicações nesse esquema. A investigação avança, desvelando a crescente influência das facções no sistema penitenciário baiano e suas ligações com a política local.

O que você pensa sobre essa situação alarmante? Deixe sua opinião nos comentários!

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