O que mais precisa acontecer para que o ministro Alexandre de Moraes tome a decisiva atitude de prender Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo por obstrução da justiça? No cenário atual, a urgência desse julgamento se torna cada vez mais evidente.
Em janeiro, Bolsonaro declarou ao The New York Times que esperava a intervenção de Donald Trump para evitar sua condenação. Desde então, a disputa se intensificou, com a empresa de mídia de Trump processando Moraes. Este, por sua vez, é acusado de silenciar vozes da direita brasileira que se exilaram nos Estados Unidos, fugindo da ação da justiça.
Enquanto isso, Eduardo abandonou seu cargo de deputado federal e mudou-se para o Texas, onde recebe apoio financeiro de seu pai para articular sua defesa. A estratégia deles foi clara: em uma carta enviada a Lula, Trump endossou Bolsonaro e aludiu à redução de 50% na taxação de produtos brasileiros. Essa intromissão é, sem dúvida, uma das mais audaciosas desde 1964.
Na missiva, Trump afirma: “A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder respeitado mundialmente, é uma vergonha internacional.” Contudo, essa afirmação é baseada em uma distorção da realidade; o comércio entre Brasil e Estados Unidos no ano passado alcançou US$ 92 bilhões, com os EUA obtendo um superávit de US$ 7,4 bilhões.
Além disso, Trump menciona que a elevação das tarifas é uma reação a “ordens de censura secretas e ilegais”. Essa manobra revela seu uso abusivo das tarifas como uma solução para problemas que extrapolam a economia, como se estivesse barateando um julgamento criminal fora do território americano.
Se o governo brasileiro ceder às pressões de Trump sobre tarifas, o ex-presidente poderá ser deixado à própria sorte, consciente ou não disso. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e apoiador de Trump, também parece desprezar essa realidade, responsabilizando Lula pelas consequências atuais e aludindo à ideologia do presidente.
As tentativas de Bolsonaro de desestabilizar a democracia brasileira falharam. Assim como esse atentado à soberania do país, que também não prosperará. O momento é crítico, e a espera pela justiça não deve se estender por mais tempo.
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