Terras raras podem ser trunfo do Brasil no tarifaço dos EUA. Entenda

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O Brasil se prepara para um enfrentamento estratégico com os Estados Unidos, que, a partir de 1° de agosto, impõe uma pesada tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em meio a essa crise, uma oportunidade pode emergir: as terras raras, um conjunto de 17 minerais críticos essenciais para indústrias como a automotiva e de energia. O governo federal está avaliando como utilizar esses recursos como uma “moeda de troca” nas negociações com os norte-americanos.

No dia 23 de julho, durante uma reunião com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, reafirmou o interesse americano nas matérias-primas brasileiras. O panorama é promissor. Em 2024, o Brasil exportou rochas naturais para os EUA, alcançando US$ 711 milhões, um crescimento de 17% em comparação ao ano anterior. O Espírito Santo destaca-se como o principal polo, responsável por mais de 94% desse total.

Trump chefe OTAN 4

Contudo, desde o anúncio das tarifas, aproximadamente 60% das exportações de rochas naturais para o mercado americano foram suspensas. Até o final de julho, estima-se uma redução de US$ 40 milhões nas exportações brasileiras. As terras raras, que incluem elementos como neodímio e térbio, têm um valor elevado e são cruciais para inovações, veículos elétricos e até tecnologia militar. Embora não sejam “raras”, a extração em locais viáveis é o grande desafio.

O diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil, Valdir Silveira, acredita que o país pode usar sua riqueza mineral como trunfo nas negociações. “O Brasil é um fornecedor confiável e fundamental no cenário geopolítico”, afirmou. Essa posição é reforçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defende a proteção dos minerais estratégicos como patrimônio do povo brasileiro.

“Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, declarou Lula em recente discurso.

Victor Taranto, especialista em direito minerário, observa que a busca dos EUA por alternativas à dependência da China pode favorecer o Brasil. “Washington quer fontes mais seguras e politicamente alinhadas”, explica ele, destacando que o Brasil pode usar essa dinâmica a seu favor. As tarifas, segundo Taranto, vão além da economia, refletindo também um cenário político complexo.

O Brasil possui outros ativos valiosos, como a capacidade agroindustrial e participação em energias limpas. No entanto, é preciso lembrar que esses recursos sozinho podem não ser suficientes para reverter as tarifas, já que os interesses norte-americanos são amplos e variados.

E você, o que acha que o Brasil deve fazer para aproveitar essa situação? Deixe sua opinião nos comentários!

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