Tatuar com dor ou com segurança? Proibição de anestesia gera debate

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A recente decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) de proibir o uso de anestesia geral, sedação ou bloqueios anestésicos durante tatuagens no Brasil tem gerado intensas discussões entre profissionais do setor. Essa regra, que se aplica a todas as tatuagens, exceto em procedimentos médicos reparadores, surge como resposta aos altos riscos de complicações que podem ocorrer fora de ambientes hospitalares, incluindo reações adversas e até paradas respiratórias.

Os tatuadores, ao refletirem sobre essa regulamentação, expressam uma preocupação comum: o reconhecimento do ato de tatuar como um procedimento que requer responsabilidade e cuidado. No entanto, as opiniões divergentes aparecem quando se trata do uso de anestesia. Doga Tattoo, um veterano de Salvador, entende a necessidade da proibição, mas sugere uma abordagem mais moderna. Para ele, a dor faz parte do ritual de tatuar, um aspecto cultural que não deve ser desconsiderado, embora reconheça que a anestesia requer estrutura adequada e um anestesista qualificado.

“A dor pertence ao processo de transformação. Dividir o trabalho em sessões é uma opção válida para aqueles que buscam conforto, garantindo um resultado de alta qualidade em vez de um processo apressado”, afirma Doga, ao refletir sobre a experiência do cliente.

Fabiana Teixeira, outra profissional da área, acredita que a regulamentação é tardia e enfatiza que a anestesia deve ser restrita a ambientes controlados para evitar complicações sérias. “Minimizar a dor não deve ser o objetivo, pois a dor é um componente significativo dessa jornada criativa”, explica Fabiana, enfatizando que o processo de tatuar é quase um ritual entre artista e cliente.

Rato Tattoo também apela à regulamentação, alertando para os riscos que a proibição pode trazer, especialmente a possibilidade de clientes recorrerem a procedimentos clandestinos. Para ele, a lidocaína tópica, que já é comum entre os clientes em busca de alívio, traz perigos e deve ser usada com cautela. A essência da tatuagem, argumenta Rato, está em suportar a dor para dar significado ao que se está criando.

Nos últimos anos, celebridades têm adotado a anestesia durante sessões de tatuagens, um fenômeno que o CFM busca conter, limitando práticas que podem comprometer a saúde de clientes em contextos informais. A nova norma estipula que estúdios de tatuagem não podem oferecer anestesia geral, embora o uso de anestésicos tópicos permaneça, exigindo sempre prudência e conhecimento técnico.

Agora, o desafio para os tatuadores é se adaptar e conscientizar seus clientes sobre a verdadeira natureza da tatuagem. O debate que se reabre não é apenas técnico, mas uma reflexão sobre o significado por trás de cada tatuagem, os direitos dos consumidores e a responsabilidade dos profissionais. O que você pensa sobre a dor e a segurança no mundo da tatuagem? Compartilhe suas opiniões nos comentários!

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